No dia 31 de dezembro, Criolo estará em Brasília, na área externa do Museu Nacional da República, apresentando “Ainda Há Tempo”. O show de abertura ficará por conta da brasiliense Moveis Coloniais de Acajú. A entrada é franca.
Muita gente não sabe, mas antes de lançar os aclamados “Nó Na Orelha” e “Convoque Seu Buda”, Criolo já tinha um disco clássico. “Ainda Há Tempo”, lançado em 2006, é hoje considerado um disco fundamental na história do rap brasileiro. “Naquela época existia uma cena em construção, e a gente tava no meio: não se encaixava nem no chamado gangsta, nem exatamente no dito underground”, conta o artista. Como todos os projetos do Criolo que vêm a público, sua nova turnê é mais ambiciosa do que à primeira vista possa parecer. A série de shows baseada em seu primeiro disco vem no formato clássico do hip hop, com DJ e MC no palco — e ao mesmo tempo é muito mais do que isto, e não só por conta do esmerado projeto cênico.
Daniel Ganjaman, diretor artístico e musical do espetáculo, conta: “Tudo foi se moldando de acordo com o que cada um tinha na mão, e organicamente tomando um rumo”. O cenário, uma paisagem móvel de tela de LED, foi imaginado pelo artista plástico Alexandre Órion, que fez as engenhosas e lisérgicas animações que acompanham o fluxo contínuo de canções e moldam a experiência ao vivo. O show traz uma miríade de novas interpretações pros raps de dez anos atrás, e não apenas um retorno saudosista ao artista quando ele ainda atendia por Criolo Doido. É uma releitura audiovisual do que aconteceu em sua vida até chegar ali. E ele espera que isto signifique mais uma contribuição sua pra cultura Hip Hop e pra música brasileira.
Assim como na época de feitura, e também por conta disso, a releitura destes raps apresenta uma dificuldade técnica em sua realização: não existem mais as masters originais, então não há como abrir as sessões de áudio para adequar as composições aos padrões sonoros atuais dos equipamentos de espetáculo. Criolo relembra: “Não tinha internet, não tinha telefone na casa das pessoas. Quem tem 20 ou 25 não faz a mínima ideia de como foi. E isso não quer dizer que a gente seja melhor ou pior que ninguém. Apenas que quero dividir o esforço incansável de como era ser esse rap na virada do milênio – que é o me trouxe aqui”. Como antes, a solução foi criativa e inclusiva: alistar uma renca de novos e talentosos produtores de rap brasileiro para recriar algumas das batidas, com acabamento final de Daniel Ganjaman, que também assinará beats do disco em parceria com Marcelo Cabral.
Na reaparição deste disco, do qual algumas músicas fazem parte do repertório dos shows do Criolo desde o lançamento de “Nó na Orelha” e prosseguiram na turnê de “Convoque Seu Buda”, Criolo é acompanhado pelos DJs DanDan e Marco; Orion adequa as animações à dinâmica do espetáculo e Ganja pilota a mesa de som, mixando ao vivo com técnicas dos soundsystems de reggae e dos live P.A.s de música eletrônica.
“O mundo mudou – tem letra escrita dez anos atrás, tem música com 20 anos – mas há uma mesma essência. Era um meio hostil, e quando cada um tá tentando sobreviver no seu microcosmo, não percebe muitas possibilidades. Só que quando alguém te dá uma oportunidade, ninguém sabe o que vai acontecer, e outras portas na sua mente se abrem. Pensei que seria bom confraternizar com as pessoas. Ativar sensores”, finaliza Criolo.
Novamente, é a ambição como característica e fruir artístico, como desejo bom, livre da mesquinhez. “Retornar pra essa parada traz combustível pro chicote estralar de novo”, diz Ganja.
Serviço – Criolo “Ainda Há Tempo”
Local: Museu Nacional da República
Endereço: Complexo Cultural da República – Esplanada dos Ministérios – Brasília/DF
Data: 31 de dezembro de 2016
Lotação: 15 mil pessoas
Horário: 23h40 até 00h50 (Criolo fará contagem regressiva para o inicio do novo ano)
Classificação etária: Livre
Entrada Franca.