Um dos mais cultuados artistas de sua geração, Jean-Michel Basquiat ganha retrospectiva de sua meteórica carreira no CCBB Brasília a partir de amanha, dia 21 de abril.
São em torno de 100 peças entre gravuras, quadros, desenhos e vídeo-instalação que fazem parte da coleção particular da família Mugrabi, escolhidas sobre a curadoria de Pieter Tjebbes.
Jean Michel Basquiat, filho de pai haitiano e mãe porto-riquenha, nasceu no Brooklin/ Nova York no dia 22 de dezembro de 1960 e desde cedo teve interesse pelas artes e música.
Desde menino frequentava museus e galerias com sua mãe e após sofrer um acidente onde teve seu braço quebrado e seu baço extraído, se interessou por desenhos e pintura durante o tempo que permaneceu no hospital. Um exemplar do livro Gray’s Anatomy dado por sua mãe influenciou diretamente seu trabalho muito anos depois.
Inteligente e rebelde, Basquiat saiu de casa aos 16 anos, viveu por um tempo como sem-teto, aprendeu francês e espanhol e absorvia toda a efervescência e o caos da big apple. Um misto de linguagens, técnicas e o uso de diversos materiais, muitas vezes coletados pelas ruas foram utilizados em suas obras, como portas, esquadrias de janelas e peças de madeira jogadas fora.
“Basquiat é um dos maiores artistas de ascendência afro-caribenha e é exaltado em todo o mundo. Ele é, fundamentalmente, um artista de Nova Iorque. Sua obra personifica o caráter da cidade nos anos 70 e 80, quando a mistura de empolgação e decadência da cidade criou um paraíso de criatividade. Sua obra reflete os ritmos, os sons e a vida da cidade. Ela sintetiza o discurso artístico, musical, literário e político de Nova Iorque durante este período tão fértil. E ainda assim seu trabalho é atual e continua vivo”, afirma.
Em suas obras é possível observar a presença de figuras negras, trechos de música e literatura, citações e até mesmo anúncios. Basquiat colocava em seu trabalho o cotidiano, as vivências e traumas sofridos por ele. Era essencialmente um artista inserido na realidade.
1976-1979
A produção artística de Basquiat tem início quando, aos 16 anos, ele começa a espalhar poemas e epigramas assinados como SAMO (Same Old Shit), junto com Al Diaz, por Nova Iorque. Os grafites e cartazes na linha ‘D’ do metrô e em outras áreas de Manhattan atraíram a atenção do Village Voice, jornal independente que destacou a produção do grafite nova-iorquino, marcou uma geração de artistas e militantes LGBT nos Estados Unidos e permanece, ainda hoje, ativo.
Basquiat torna-se um artista célebre, com aparições frequentes em programas de TV. Em 1979, o codinome SAMO é abandonado, numa intervenção na cidade que aumentou ainda mais sua notoriedade: a inscrição “SAMO is dead” apareceu grafitada no SoHo, no baixo Manhattan, bairro que marcou a história da arte norte-americana do período.
1980-1982
Em 1979, Basquiat formou uma banda com Shannon Dawson, Michael Holman, Nick Taylor, Wayne Clifford e Vincent Gallo, inicialmente chamada Test Pattern, mas depois rebatizada como Gray. Em 1980, essa banda realiza diversas performances em clubes da cidade. A banda faria a trilha do filme Downtown’81, escrito por Glenn O’Brien e dirigido por Edo Bertoglio.
Também em 1980, obras de Basquiat são expostas na coletiva The Times Square Show, e no ano seguinte, abre a primeira mostra só de seus trabalhos, na galeria Annina Nosei. Em dezembro de 1981, um artigo publicado na Artforum torna Basquiat conhecido internacionalmente.
Esse é um dos períodos mais produtivos de Basquiat. Algumas das peças de maior destaque da exposição são ‘Hand Anatomy’ (Anatomia da mão, 1982), ‘Old cars’ (Carros velhos, 1981), ‘Selfportrait’ (Autorretrato, 1981), ‘Do not revenge’ (Não se vingue, 1982) e ‘Loin’ (Lombo, 1982) foram produzidas neste período.
1983-1988
Em 1982, Basquiat conhece Andy Warhol, de quem se torna amigo. Entre 1984 e 1985, eles trabalhariam em parceria em uma série de quadros. Do trabalho conjunto, o público brasileiro poderá ver Heart Attack (Infarto, 1984).
Nesse período, Basquiat é um artista celebrado, disputado pelas galerias e com frequentes exposições internacionais. Apesar do vício em heroína, sua produção se mantém. Em 1988, ano de sua morte, expôs em Paris (França) e em Dusseldorf (Alemanha). Entre os trabalhos desses anos, estará exposta no Brasil Rusting Red Car (Carro Vermelho Enferrujado, 1984).
Serviço:
Retrospectiva Jean-Michel Basquiat
De 21/04 a 01/07 (de terça a domingo, das 9h às 21h)
Endereço: CCBB-SCES trecho 2 lote 22
Telefone: (61) 3108-7600
Informações: bb.com.br/cultura
Classificação Livre.