A palavra ‘Diáspora’ vem do grego – ‘dia’, à parte, separado; ‘spora’, disseminar sementes para que elas cresçam. No sentido contemporâneo, significa dispersão, retirada de povos de seu local de origem. Por extensão, deslocamento, normalmente forçado, de grandes massas populacionais. Entre 1500 e 1900, milhões de africanos foram transportados e escravizados em vários continentes.

A Diáspora Africana do Artista Plástico Josafá Neves é assumida, conforme a acepção de Nei Lopes, como o rico patrimônio cultural construído pelos descendentes de africanos no Brasil.

A exposição reúne esculturas, pinturas e gravuras que são resultado de quatro anos de pesquisa. Para a mostra, o artista selecionou o que ele batiza de ‘ícones da Diáspora Negra no Brasil’. São retratos de personalidades fundamentais da cultura brasileira, representações do patrimônio imaterial da cultura afro-brasileira e símbolos da religiosidade de matriz africana.

Segundo o curador Bené Fonteles, ‘A ‘Diáspora’ pintada por Josafá Neves e mais do que nos acusa, ela nos instiga, provoca para uma consciência além da negritude, que nos felizmente tinge do melhor o sangue de nossos corpos mestiços e nos faz além de plurais, originais e singulares aos olhos do mundo.

A EXPOSIÇÃO

DIÁSPORA – JOSAFÁ NEVES é uma contundente mostra que trabalha, de forma poética, a influência de povos negros que ajudaram a conformar a cultura brasileira. Esculpidos em madeira estão orixás como Oxóssi, o senhor das florestas, que acolhe o visitante em seu passeio pela mostra; e Xangô, o rei absoluto, senhor da justiça, o orixá do raio e do trovão. Oxalá, com sua sabedoria ancestral, aparece retratado numa pintura em óleo sobre tela.

Neste percurso pela afirmação do negro e de sua existência mais profunda, o artista apresenta ainda séries de pinturas em óleo sobre tela e pastel como a de personalidades fundantes da cultura nacional, como Pixinguinha, Milton Santos, Clementina de Jesus, Cartola, Elza Soares, Luiz Gonzaga, Gilberto Gil, Nelson Sargento, Itamar Assumpção, dentre alguns outros. São retratos que fazem alusão à ancestralidade e aos mistérios desde os tempos da escravidão até os dias de hoje.

Em outra série, Josafá Neves trabalha visões fortes do transporte de africanos para serem escravizados. Em ‘Navios Negreiros’ estão pinturas nas quais os escravos aparecem, algumas vezes, retratados como feras que disputam restos e seres sem identidade.

Apesar de sua aprendizagem autodidata, o artista percorre diversas técnicas, da escultura à gravura, colagem e pintura em óleo sobre tela, óleo sobre tela e pastel e acrílico sobre madeira. Criados como gravura em ponta seca estão duas figuras históricas da Diáspora Negra para Josafá Neves, o ator Grande Otelo e o escritor Luiz Gama. Dois painéis em pintura exprimem o patrimônio imaterial da cultura negra no Brasil: ‘Capoeira’, que apresenta movimentos e golpes dessa arte marcial; e ‘Terreiro de Candomblé’, uma releitura da tela Festa do pilão de Oxalá, do artista Carybé.

Há ainda um grande painel afro-indígena que é resultado das oficinas que Josafá Neves realiza com crianças e professores da educação básica de escolas públicas do Distrito Federal e com estudantes da Universidade Católica de Brasília. Neste trabalho, o artista visa trabalhar a valorização da história afrodescendente.

Serviço:
Diáspora-Josafá Neves
Local: CAIXA Cultural Brasília-SBS Quadra 4 Lotes 3/4
Dia 21/03 (terça-feira), às 19h
Visitação: 22 de março a 14 de maio de 2017
Horário: de terça-feira a domingo, das 9h às 21h
Informações: 61 3206-9448 | 61 3206-9449
Entrada franca.
Classificação livre.