Por Paula Pratini
Fotos: Divulgação

A questão indígena no Brasil tem sido destaque nos festivais de cinema no Brasil e este ano na 71ª edição do Festival de Cannes, o filme ‘Chuva é cantoria na Aldeia dos Mortos’, dirigido pela brasileira Renée Nader Messora e pelo ganhador da Palma de Ouro em 2009, o português João Salaviza, conquistou o Prêmio do Júri na mostra ‘Un Certain Regard’.

O longa foi gravado durante um período de 9 meses em que estiverem em contato direto com a tribo indígena dos Krahôs no estado do Tocantins, região centro-oeste do Brasil, na aldeia Pedra Branca.

Falado da língua Krahô, o longa foi um trabalho árduo segundo os produtores. Munidos de uma câmera 16mm, os diretores captaram a rica essência da tribo, nos olhares, gestos e rituais que aconteciam. Além de abordar os temas pertinentes às questões territoriais na região.

A imagem geral da população é de profetas, xamãs e no filme, a direção consegue se distanciar destes estereótipos e mostra contato entre brancos e índios na região do Tocantins, onde ambos se conhecem e interagem sem tantas diferenças apesar de culturas completamente diferentes.

O filme se inicia com a reação de Ihjãc Krahô sobre a morte do pai de Ihjãc Krahô e como ele fará a festa de sepultamento para ele.

“A resistência de um jovem Krahô a se tornar xamã após a morte de seu pai serve como argumento e pretexto para mostrar o dia a dia dos indígenas, suas tradições e cerimônias no filme premiado”. declarou a diretora.

Na opinião dos diretores o filme não chega a ser ativista, mas também não foge ao tema. No dia de sua apresentação em Cannes, os diretores e dois atores subiram o tapete vermelho com cartazes que diziam: “Parem o genocídio dos povos indígenas” e “Pela demarcação das terras dos povos indígenas”.

“Os krahô são responsáveis por seu próprio bioma, mas estão ameaçados, principalmente pela monocultura de soja e cana e pela pecuária”, explicou Nader Messora.