Toda sombra é um pouco de luz | De José Roberto Bassul | Curadoria de Eder Chiodetto

Em junho, a galeria apresenta a mais recente produção do fotógrafo residente em Brasília que tem na arquitetura um de seus motes principais para refletir sobre a sociedade contemporânea. Em paralelo, será inaugurada a Mostra de Acervo, com Alessandra França, Galeno, Gê Orthof, Léo Tavares, Patrícia Bagniewski, R.Godá e Rogério Ghomes, artistas representados que tiveram obras recentemente incorporadas ao acervo do Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro

No dia 3 de junho, sábado, das 16h às 20h, a Referência Galeria de Arte abre ao público duas mostras inéditas. Na Sala Principal, “Toda sombra é um pouco de luz”, de José Roberto Bassul, com curadoria de Eder Chiodetto, apresenta duas séries recentes do artista, “Urbe” e “O sol só vem depois”, que têm a cidade como alegoria e pano de fundo para abordar questões da contemporaneidade, como o excesso de consumo e o desencanto. No dia, o curador da mostra realizará uma visita guiada aberta ao público.  Na Sala Acervo, acontece a “Mostra de Acervo”, com obras de sete artistas visuais representados pela galeria e que tiveram, na última edição da SP-Arte, obras selecionadas por Paulo Herkenhoff, curador do Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, para fazer parte do acervo da instituição.

As mostras ficam em cartaz até o dia 22 de julho, com visitação de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 15h. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos. A Referência Galeria de Arte fica na 202 Norte, Bloco B Loja 11, Subsolo, Brasília-DF. Telefone (61) 3963-3501 e Wpp (55 61) 98162-3111. Instagram @referenciagaleria.

Toda sombra é um pouco de luz

De José Roberto Bassul

Curadoria de Eder Chiodetto

Sala Principal

Em “Toda sombra é um pouco de luz”, formada pelas séries fotográficas “Urbe” e “O sol só vem depois” produzidas entre 2020 e 2023, Bassul segue com sua pesquisa sobre a cidade, a presença humana e seus dilemas, como a ocupação dos espaços urbanos, a sociedade do consumo e o abandono e o desencanto. Herdeira de distopias futuristas da literatura e do cinema, como MetrópolisFahrenheit 451Blade Runner ou Matrix, “Urbe” adota a iconografia da paisagem urbana como alegoria do engano e da miragem. A cidade como evidência do colapso de prioridades e excessos em que vivemos. “O sol só vem depois”, por sua vez, toma emprestado o refrão de um rap do Emicida que expõe as dificuldades de quem vive nas periferias e sai para trabalhar ainda de madrugada. Assim como a música, a série aborda circunstâncias em que enfrentamos desencantos sem, no entanto, se desfazer da poesia.

Eder Chiodetto, uma das principais referências na fotografia contemporânea brasileira, ressalta que a mostra se vale dos elementos constituintes do próprio processo fotográfico, a sombra e a luz, para estabelecer nuances simbólicas e metafóricas. “Como um fotógrafo errante, Bassul se lança pelos labirintos de uma cidade improvável, buscando vestígios de uma civilização que parece ter sucumbido”, observa Chiodetto. E continua: “Todo gesto fotográfico aqui visa atravessar o lusco-fusco, desafiar temores e tangenciar névoas cromáticas para, enfim, libertar alguma luz enclausurada nas sombras da urbe”. Na percepção do artista, “a indistinção dos edifícios, a imprecisão escurecida das formas, o vazio de ruas e praças e outros signos de abandono são permeados por certo lirismo, por réstias de luz. Como se as imagens nos lembrassem que ainda há viço e semente naquilo que parece fenecer”, completa o curador.

Sobre o curador

Eder Chiodetto [São Paulo, SP, 1965] é mestre em Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Foi repórter fotográfico, editor e crítico de fotografia da Folha de S.Paulo. Hoje, reúne as funções de jornalista, professor, curador e pesquisador de fotografia. Ministrou aulas na Universidade Metodista de São Paulo e na Faculdade de Fotografia do Senac-SP. Como curador independente, realizou, desde 2004, mais de 120 exposições no Brasil e no exterior. Foi curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM-SP entre 2006 e 2021. Em 2011, fundou o Ateliê Fotô, que coordena Grupos de Estudos e Criação em Fotografia, presenciais e online, para fotógrafos que queiram desenvolver trabalho autoral. Em 2016, em parceria com a pesquisadora Fabiana Bruno e a artista visual Elaine Pessoa, criou a Fotô Editoral, editora voltada para a produção de livros de fotografia autoral e de reflexão acerca do estatuto da imagem contemporânea.

Sobre o artista 

Artista visual graduado em arquitetura, José Roberto Bassul vê sua fotografia como “uma tentativa de desenhar pensamentos, projetar desejos, construir espaços para a imaginação”. Recebeu relevantes prêmios nacionais e internacionais, entre os quais o 1º lugar no 10º Prix Photo AF 2021, o Prêmio América Latina do FotoRio 2020, o de Fotolivro do Ano no Moscow International Foto Awards – MIFA  2020 e, por duas vezes, o 1° lugar no International Photography Awards – IPA 2018 e 2021. Seu trabalho tem sido frequentemente exposto em festivais, galerias e museus, em oito mostras individuais e dezenas de exposições coletivas no Brasil e no exterior. Autor dos fotolivros “Paisagem Concretista” (2018) e “Sobre Quase Nada” (2020), suas obras integram importantes coleções públicas e particulares.

Mostra de Acervo

Obras de Alessandra França, Galeno, Gê Orthof, Léo Tavares, Patrícia Bagniewski, R.Godá e Rogério Ghomes

Sala Acervo

No final de março deste ano, a Referência desembarcou na 19ª edição da SP-Arte com obras de alguns de seus artistas representados. As obras de sete deles foram selecionadas por Paulo Herkenhoff, curador do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, para fazer parte do programa de doações para o acervo da instituição. “Este é um fato relevante para o currículo dos artistas, uma vez que tanto o museu é uma instituição importante para a história da arte brasileira, como a escolha realizada por Herkenhoff, responsável em grande parte pelo deslocamento do eixo de atenção dos agentes da arte brasileiros para a produção do Norte e, mais recentemente, do Centro-Oeste do Brasil”, afirma Onice Moraes.

A Mostra de Acervo que a Referência traz ao público reúne outras obras dos artistas selecionados por Herkenhoff. Nelas, percebe-se um aprofundamento no diálogo com as questões contemporâneas como a solidez temática, o apuro técnico, o uso de materiais tanto inusitados quanto tradicionais das artes visuais, o diálogo com as questões contemporâneas e pesquisas poéticas diferenciadas relevantes. Mesmo sendo artistas de diferentes gerações, suas obras trazem indícios de potenciais para se inscreverem na história da arte brasileira. 

Sobre os artistas

Alessandra França é fotógrafa. Seu trabalho autoral é voltado para fotografia de rua, memórias afetivas em um todo sensível que toca sua alma.  Atualmente, dedica-se a trabalhos que mesclam fotografias, colagens, bordados e materiais diversos. De forma empírica e intuitiva cria, reinventando e fazendo a Arte acontecer.

O piauiense Francisco Galeno foi criado em Brazlândia (DF), onde mantém um atelier, utilizado nos períodos de visita aos familiares, mas que vive e trabalha em sua cidade natal, Ilha Grande, Parnaíba, Piauí.  Sua obra camaleônica é, para os olhos, uma verdadeira festa popular brasileira: “O camaleão foi um bicho que influenciou muito a minha pintura. Ele muda de cor para escapar do bicho predador”. Assim, também, seu trabalho se metamorfoseia, ganha uma nova pele e incorpora uma nova modulação de cores. Galeno não é apenas pintor. Ele atua em várias direções: escultura, roupas, instalações.

Gê Orthof é artista e professor no Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília, onde coordena o grupo de pesquisa Da condição anfíbia: a-método-artifício no PPGAV/UnB. Nasceu às 23h30 no frio e na neblina das montanhas, onde sua avó Gertrud o ensinou a conversar em silêncio. Antes, porém, nasceu em 1836 na Dinamarca pelas mãos de Hans Christian Andersen. Algum tempo depois construiu com Thoreau sua primeira cabana, foi ali que conheceu o poliamor quando Rimbaud sussurrou em seu ouvido: “eu é um outro”. Entre uma página e outra realizou Doutorado em Artes Visuais na Columbia University- NYC e Pós-Doc no Museum of Fine Arts – Boston e na Penn State School of Visual Arts- PA. Atualmente finaliza um livro de poesias e imagens a ser publicado pela Ventania Editorial- RJ. Em 2021 participou, como artista convidado, da Residência Artística Torus em Garibaldi (RS).

Nascido em São Gabriel, no Rio Grande do Sul, Léo Tavares vive e trabalha no Distrito Federal. É Doutor em Artes Visuais pela Universidade de Brasília. Pesquisa a relação entre a palavra e a imagem. Participou de mostras coletivas no Brasil, em Portugal e na Espanha, e realizou as exposições individuais “Não só com as imagens” (Aliança Francesa, Brasília, 2018), “Jogo de Evocação” (Espaço Sala de Estar, Cidade do Porto, 2017) e “Narrativas Fronteiriças” (Galeria de Bolso da Casa da Cultura da América Latina, Brasília, 2016). É autor dos livros de contos “O Congresso da Melancolia” (Urutau, 2021), “Ruibarbo do deserto” (Patuá, 2019) e “Os Doentes em Torno da Caixa de Mesmer” (Modelo de Nuvem, 2014), prêmio Contista Estreante, pela FestiPoa Literária, de Porto Alegre.

Patrícia Bagniewski é formada em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília (UnB). ”Durante o período que estudei lá, tranquei a faculdade e fui morar em Londres, onde fiz meus primeiros cursos com o material vidro, que é o material principal que trabalho”, afirma a artista. Apaixonada pelo material, fez workshops, cursos e estágios em fábricas de vidro soprado na Grã-Bretanha, na Suécia, no Brasil e no Japão, onde fez mestrado para continuar com suas pesquisas. O conceito presente nas peças criadas em vidro pela artista joga com a dicotomia da leveza, da dança do olhar durante o processo de produção, o sopro que dá forma ao objeto. Sua produção é equivalente a um parto.

R.Godá (Goiânia (GO), 1980) participa de exposições coletivas e individuais desde 1999, como “Aurora Tecnicolor” e “Imagem Adquirida”, ambas no Museu de Arte Contemporânea de Goiás. Seus trabalhos foram apresentados a colecionadores e hoje fazem parte de coleções privadas, como a de Gilberto Chateaubriand, que também incluiu obras do artista em seu livro “Um Século de Arte Brasileira – Coleção Gilberto Chateaubriand”. Seus trabalhos anteriores podem ser vistos, ainda, nas publicações “Coleção Ana Luisa e Mariano Marcondes Ferraz”, de 2007, e “Trilogia: 1920 a 1950 – Roberto Conduru / 1960 a 1980 – Ligia Canongia / 1990 a Atualidade – Luiz Camillo Osório”, 2014. Em 2016, o artista apresentou a mostra “R.Godá – Desenhos e pinturas”, com curadoria de Divino Sobral. Em 2018, realizou duas individuais na Itália, sendo que “Surrealismo tropical”, em Roma, foi considerada uma das cinco melhores exposições daquele ano na Europa. Atualmente, o artista divide seu tempo entre os ateliês de Goiânia e de Pirenópolis (GO).  

Rogério Ghomes é doutor em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC SP e mestre em Design pela UNESP. Docente no Departamento de Design na Universidade Estadual de Londrina UEL. Contemplado no Prêmio Jornada em Reconhecimento à Trajetória – Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura do Paraná. [2020] Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais [2015] com o projeto Campo Expandido: narrativas da imagem e no Edital Conexão Artes Visuais MinC/Funarte/Petrobras [2013] com o projeto Campo Expandido: a convergência das imagens. Finalista Prêmio PIPA [2012]. Prêmio Brasil Arte Contemporânea na ARCOmadrid [2010]. 20 anos Faxinal das Artes: processos e lacunas MAC PR, Lugar-comum MAC USP, Afinidades MON, Encuentros Abiertos – Buenos Aires. Pequenos Gestos: memórias disruptivas – MAC PR, Foto-texto Casa Contemporânea SP, Fronteiras sem limite – Bienal Internacional de Curitiba PR, Foto livros ibero-americanos – Lisboa. Silver Night of Projections – Encontros da Imagem, Braga, Portugal. Panorama de Arte Brasileira Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM SP.  VI Bienal de Havana.

Serviço:

Toda sombra é um pouco de luz

Fotografias

Abertura | 03/06, das 16h às 20h

De | José Roberto Bassul

Curadoria | Eder Chiodetto

Sala Principal

Visita guiada à mostra com o curador às 16h

Mostra de Acervo

Obras de | Alessandra França, Galeno, Gê Orthof, Léo Tavares, Patrícia Bagniewski, R.Godá e Rogério Ghomes

Sala Acervo

Onde | Referência Galeria de Arte

Visitação | Até 22/07/23

De segunda a sexta, das 10h às 19h

Sábado, das 10h às 15h

Entrada | Gratuita

Classificação indicativa | Livre para todos os públicos

Endereço | 202 Norte Bloco B Loja 11, Subsolo

Asa Norte – Brasília-DF

Telefone | (+55 61) 3963-3501

Wpp | (+55 61) 98162-3111

E-mail | referenciagaleria@gmail.com

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