A Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro aprofunda seu mergulho na música clássica contemporânea na apresentação desta terça-feira (15), desta vez com regência do maestro britânico Christopher Bochmann, doutor em composição por Oxford (Reino Unido).

A exemplo da semana passada, a OSTNCS amplia o repertório de seu público em direção ao presente. “As pessoas terão outra oportunidade de experimentar sonoridades de nosso tempo”, afirma o maestro titular da Sinfônica, Cláudio Cohen.

No programa da Orquestra estão previstas duas peças de Bochmann. As composições do maestro inglês hoje radicado em Portugal abrangem quase todos os gêneros musicais, da música para solistas a composições orquestrais, de obras de câmara a ópera.

Na noite de terça, a audiência poderá apreciar dele “Divertimento” e “Linus”. “Convido o público a ouvir obras da atualidade por compositores de gerações diferentes”, chama o atual professor catedrático da Universidade de Évora.

Ainda na programação da noite, o público poderá tomar contato com trabalhos do jovem polonês radicado em Nova York Jakub Polaczyk (1983), “Geada”, e do compositor israelense, russo de nascimento, Moshe Shulman (1978), que toca violino, viola, bandoneon e acordeon, “Then & Now”.

Um toque brasileiro de contemporaneidade fica a cargo de Radamés Gnattali (1906-1988), com “Concerto Carioca nº 2 para Trio”, dividido em três movimentos intitulados com diferentes gêneros da nossa música popular: I Samba; II Samba-Canção; III Choro.

Bochmann, sobre “Divertimento”, diz que, “apesar do título, a peça não é propriamente leve, mas evita um peso que por vezes aflige a música contemporânea. Ela procura antes transmitir energia, clareza e confiança”. Quanto a “Linus”, o regente britânico lembra que “na tradição da Grécia antiga, Linus era a personificação do lamento”. A peça apresenta a nota fá com vários timbres e contextos diferentes, que dão ao seu discurso musical um caráter particular.

“Geada” (Polaczyk) é uma peça curta para orquestra que explora a paisagem sonora imaginária de geadas. A música tem poucas seções, move-se gradualmente e se dissolve no espaço orquestral, explica Bochmann em nota poética.

Falando de “Then and Now” (Shulman), o maestro convidado afirma que “começa com uma textura ondulada na corda, que serve como base harmônica para breves explosões de instrumentos de sopro (madeira e metais). Esta longa seção se transforma em uma onda gigante através do volume e da densidade da voz, após o que desaparece em sua forma inicial.”

O gaúcho Gnattali, contemporâneo de Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga e Pixinguinha, influenciou na composição de choros, incentivando instrumentistas mais jovens como Raphael Rabello. Compôs obras importantes para o violão e piano. Influenciado pelo jazz como Tom Jobim, trocou com o maestro nascido na Tijuca, no Rio, músicas dedicadas ao outro – “Meu Amigo Radamés”, choro composto por Tom, foi resposta a “Meu Amigo Tom Jobim”, de Gnattali.

Os solos da música de Radamés Gnattali ficam a cargo do pianista fluminense, descendente de italianos, Diogo Monzo, escolhido como um dos melhores instrumentistas em 2015 e 2018 pelo site “melhores da música brasileira”; do percussionista Wellington Vidal, aluno da Escola de Música de Brasília e da Universidade de Brasília, efetivo da Sinfônica desde 1986; e do contrabaixista Samuel Helmo, graduado em licenciatura em música e um dos chefes do naipe de contrabaixos da OSTNCS.

Programa

“Divertimento”, Christopher Bochmann (11′)
“Geada” – Jakub Polaczyk (7′)
“Then and Now” – Moshe Schulman (11′)
“Linus” – Christopher Bochmann (11′)
“Concerto para trio” – Radames Gnattali (25′)

Serviço:
Concerto Contemporâneo
Dia 15/10 (terça-feira), às 20h
Local: Cine Brasília, Entrequadra Sul 106/107
Entrada franca por ordem de chegada até a lotação do espaço. Os portões são abertos às 19:15 para idosos e pessoas com deficiência e às 19:30 para o público em geral.
Informações: 2017-4030
Classificação livre.