Por Paula Pratini
O excelente ‘Luna’, longa-metragem de ficção de Cris Azzi, que foi exibido na 51ª edição do ‘Festival de Brasília do Cinema Brasileiro’, revela os conflitos sofridos pela geração criada na internet e a exposição dentro da rede.
O diretor mineiro, se sensibilizou com uma estória de uma jovem que cometeu suícidio para compor a história da personagem. “Sou um cara emotivo por natureza, mesmo tendo sido criado em uma sociedade machista e repressora”.
Luna (Eduarda Fernandes) é uma adolescente criada pela mãe solteira, e mora na periferia de Belo Horizonte. Está cursando o último ano escolar e tem uma ótima relação com os amigos da escola. Em sua solidão ela encontra Emília (Clara Ligeiro), com quem inicia uma relação de amizade e descobertas.
A proximidade entre as duas vai aumentando e elas partilham momentos íntimos em um vídeo da internet quando o óbvio acontecesse. Um dos amigos de Luna, ao acessar o celular da adolescente, o compartilha e Luna sofre bullying e ameaças na escola. Em suas páginas nas redes sociais, comentários maldosos, preconceito e machismo por meio de mensagens e posts.
Luna se desespera, vai em busca da mãe no trabalho, ela tem a intenção de suicídio tamanha angústia e solidão típicos desta fase a um passo da vida adulta. Adentra o bosque atrás de sua casa entorpecida pelos comprimidos que tomou. Por sorte nada acontece e ela se prepara para encarar a realidade e voltar à escola.
Sim, Luna tem coragem e surpreende ao reagir as piadinhas no pátio. Em uma atitude feminista e de contestação ao ser provocada, mostra os seios e pergunta: É isso que você quer ver? Quer ver mais? , confronta o jovem que a provocou.
O filme, aplaudido em sua exibição no festival, consegue transmitir de maneira não-trágica um pouco da realidade enfrentada dessa nova geração de jovens brasileiras, que desejam liberdade para se expressarem e viverem suas experiências e fantasias, mas esbarram ainda em uma sociedade machista e atada aos antigos padrões.