Na próxima terça-feira (5/4), a partir das 19h, os convidados poderão conferir de perto, 62 obras do artista e quatro de seus filhos. O mestre J.Borges, que é Patrimônio Vivo de Pernambuco, estará presente na abertura da mostra

Os símbolos, contos e figuras de um imaginário popular do Nordeste poderão ser vistos gratuitamente no Espaço de Exposições do Centro Cultural Fiesp, na Avenida Paulista até 7 de agosto. J. Borges.

O Mestre da Xilogravura é o nome da mostra que apresenta uma coletânea de 66 xilogravuras, sendo 10 obras inéditas, 10 matrizes inéditas, além das obras mais importantes da sua carreira, com temas que retratam a trajetória de vida do artista, considerado pelo dramaturgo Ariano Suassuna como o melhor gravador popular do Brasil.

O artista popular já teve suas obras expostas em museus pelo mundo todo. China, Japão, França, Estados Unidos, Venezuela foram alguns dos lugares que receberam as xilogravuras do Patrimônio Vivo de Pernambuco.

As xilogravuras tratam do cotidiano do agreste, acontecimentos políticos, fatos lendários, folclóricos e pitorescos da vida. A visitação acontece, a partir do dia 6 de abril, de quarta a domingo, das 10h às 20h. Caso prefira realizar o agendamento, basta acessar o Meu Sesi.

José Francisco Borges, o J. Borges, de 86 anos, é Patrimônio Vivo de Pernambuco, título concedido pelo Estado aos mestres da cultura popular pernambucana, reconhecidos como Patrimônio Imaterial.

É natural de Bezerros, no Agreste pernambucano, onde vive e trabalha até hoje. Filho de agricultores, trabalhava desde os 10 anos na lida do campo. O gosto pela poesia o fez encontrar, nos folhetos de cordel, um substituto para os livros escolares.

Ao longo da trajetória, J. Borges narrou o Nordeste e, sobretudo, o interior de Pernambuco com os temas que entraram para sua coleção mais importante, a exemplo das telas ‘No Tempo da Minha Infância’, ‘Na Minha Adolescência’, ‘Vendendo Bolas Dançando e Bebendo’, ‘Serviços do Campo’, ‘Cantando Cordel’, ‘Plantio de Algodão’, ‘A vida na Mata’, ‘Plantio e Corte de Cana’, ‘Forró Nordestino’ e ‘Viagens a Trabalho e Negócios’. Todas poderão ser apreciadas pelo público durante a exposição.

“Estou muito alegre com essa exposição sobre meu trabalho na xilogravura. Eu ainda quero viver bastante. O que me inspira é a vida, é a continuação, é o movimento. É aquilo que eu vejo, aquilo que eu sinto”, afirma J. Borges.

Cordelista há mais de 50 anos, os versos de J. Borges tratam do cotidiano da vida simples do campo, o cangaço, o amor, os castigos do céu, os mistérios, os milagres, crimes e corrupção, os folguedos populares, a religiosidade, a picardia, entre outros assuntos. A originalidade, irreverência e personagens imaginários são notáveis nas suas obras.

Por esse motivo, livretos de cordel estarão disponíveis – e pendurados por um barbante, tal como no Nordeste – para os visitantes na exposição.

O Sesi-SP é uma instituição que trabalha pela educação de forma ampla e onde a Cultura é parte importante nesse processo. “Nós ficamos muito felizes por sediar uma mostra como J. Borges — O Mestre da Xilogravura.

Assim, seguimos com o propósito de difundir a cultura, reconhecendo e valorizando nossos artistas e colaborando para a formação de público cada vez mais consciente na apreciação das artes visuais”, explica Débora Viana, gerente de Cultura do Sesi-SP.

A mostra também apresenta 4 obras assinadas por Pablo Borges e Bacaro Borges, filhos e aprendizes do artista, além da exibição de uma cinebiografia sobre vida e obra do artista, assinada pelo jornalista Eduardo Homem.

“A exposição retrata a magia da sua obra, tão importante para o povo brasileiro e para o mundo. A arte visual brasileira se tornou mais importante depois que J.Borges começou a criar seu trabalho de xilogravuras, tornando-se um dos maiores xilogravuristas do mundo. Sem dúvidas, ficará na memória do público para sempre”, afirma – Ângelo Filizola, curador da exposição e responsável pela Cactus Promoções e Produções -, que produz a mostra.

O artista desenha direto na madeira, equilibrando cheios e vazios com maestria, sem a produção de esboços, estudos ou rascunhos. O título é o mote para Borges criar o desenho, no qual as narrativas próprias do cordel têm seu espaço na expressiva imagem da gravura. O fundo da matriz é talhado ao redor da figura que recebe aplicação de tinta, tendo como resultado um fundo branco e a imagem impressa em cor. As xilogravuras não apresentam uma preocupação rigorosa com perspectiva ou proporção.

Serviço:

J. Borges-O Mestre da xilogravura

Espaço de Exposições do Centro Cultural Fiesp

Abertura para convidados: 5 de abril de 2022

Período expositivo: De 6 de abril a 7 de agosto

Horário de funcionamento: De quarta a domingo, das 10h às 20h;

Endereço: Avenida Paulista, 1313 – Em frente à estação Trianon-Masp do metrô

Entrada gratuita