De 24 de novembro a 22 de dezembro a Casa Aerada Varjão, um dos mais charmosos espaços culturais do DF, apresenta a exposição Síntese, como obras de Felipe Queiroz de Carvalho que nasceu no Rio de Janeiro e, desde 1960, vive e trabalha em Brasília, cidade, aliás, que certamente o inspira. A curadoria ficou por conta de Arthur Gomes Barbosa. A entrada é franca.

Felipe Queiroz de Carvalho é um desses nomes discretos, mas de produção profícua e inquieta. Sua produção é contínua. Se desenvolve em uma pesquisa de experimentação múltipla, passando por vitrais, esculturas, desenho e pintura. A pintura, aliás, sempre o acompanhou, e desenvolve-se cada vez mais.

O artista guardou-se, ao longo de sua carreira, numa posição reservada, avesso a exposições e às usuais promoções do mundo das artes. Mas, com o advento das redes sociais sua produção passou a chamar mais a atenção do público. “Sempre fiz meu trabalho para mim mesmo, nunca me dediquei muito a divulgação de minha obra. Nunca tive a pretensão de ser um artista renomado. Eu tinha trabalho, família. Agora, finalmente, com essa coisa das redes, passei a me colocar mais”, admite Felipe.

Síntese não se trata de uma retrospectiva, muito pelo contrário. Visa a recuperação sistemática de parte dessa vasta produção, reapresentando ao público brasiliense um nome com anos de trajetória silenciosa. “Na verdade, esta será a minha primeira exposição individual. Achei finalmente que havia chegado essa hora. Não quero dizer muita coisa com isso. Quero apenas mostrar meu trabalho, que vem sendo bastante avaliado na Internet”, explica o artista.

Contagiado por referências modernas, nacionais e internacionais, Felipe produz próximo ao abstracionismo lírico com toques geométricos, um possível reflexo da ortogonalidade brasiliense, de sua experiência com diagramação e editoração e, principalmente, de uma inquietude gestual. Se interessa por uma prática expressiva, mas ainda assim metódica, onde valoriza a impressão do movimento, seu registro agitado em sua representação visual.

Em seu trabalho, desorganiza a ordem, numa entropia calculada. Retorna ao equilíbrio, desequilibra se repetindo. Sua prática é constante, diária, num exercício de vida. Variada, muda de mídia, de suporte, de resultado, sem se perder em devaneios. Segundo o curador Arthur Gomes Barbosa, “reunir toda a vastidão de sua obra é trabalho intenso e vasto”.


Síntese traz cerca de 40 obras e inclui principalmente desenhos de pastel e técnicas mistas, mas contempla também pintura, desenho em grafite. Para o curador, a exposição funciona como uma apresentação do todo recente do artista, uma condensação dos elementos mais recorrentes e pulsantes de sua obra. “A ideia é reunir trabalhos coesos que indicam a pluralidade da sua produção, num processo de pesquisa curatorial que visa identificar um vocabulário principal dentro da produção, que se desdobra em diferentes alfabetos”, explica.

Sobre o artista

Felipe Queiroz de Carvalho nasceu no Rio de Janeiro em 1950. Vive e trabalha em Brasília desde 1960. Felipe foi aluno de Georgina de Albuquerque, ex-diretora da Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro enquanto era ainda uma criança, aos 9 anos. Mais tarde, ao vir para Brasília, passa a frequentar cursos de arte na UnB, tendo dialogado com nomes relevantes do cenário artístico brasiliense como Rubem Valentim e Dionísio del Santo. Na capital, cursou educação artística na faculdade Dulcina de Morais. Em 1976 passa a trabalhar na gráfica do Senado Federal com diagramação. Nesse período começou a adentrar em um circuito expositivo: participou de diversas mostras documentais das artes visuais da capital brasileira, entre elas o I Documento da Arte Contemporânea do Distrito Federal em 1978; o IV Documento de arte contemporânea do centro-oeste em 1982; Salão de Artes Plásticas de Brasília de 1986 e Arte Mostra Brasil. Fez cursos de vitral, trabalhou com argila, escultura em vidro e em metal, experimenta no desenho e na pintura. Apesar de ter dado pausas na produção ao longo dos anos, nunca se afastou completamente da prática.

Sobre o curador

Arthur Gomes Barbosa é bacharel em Museologia, mestre em Arquitetura Urbanismo, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília e atua como pesquisador, curador e arte-educador. Desde 2017 desenvolve projetos de curadoria, sendo responsável pelas exposições “Sobre o Sangue – exposição relato”, no Museu Correios, “Memilenials são Polêmicos”, Galeria 55; “Exercício do Anoitecer”, Espaço Piloto; “Estéticas da Viagem”, Casa de Cultura da América Latina (virtual) e “Teoria da Paisagem”, Casa Aerada Varjão.

Síntese – Felipe Queiroz de Carvalho

Curadoria de Arthur Gomes Barbosa

Abertura: 23 de novembro de 2024

Horário: das 17h às 22h

Visitação: de 24 de novembro a 22 de dezembro de 2024

Horário de visitação: sextas das 16h às 20h, sábados e domingos das 14h às 19h

Local: Casa Aerada Varjão (Varjão, q. 01, conj. B, casa 06, Brasília – DF).