O longa-metragem “Estou me guardando para quando o carnaval chegar”, do diretor Marcelo Gomes (o mesmo de ‘Cinema, Aspirina e Urubus’, 2005), tem pré-estreia no Cine Brasília em 10 de julho.

O documentário trata da vida em Toritama, cidade a 170 km de Recife (e do mar), que vive do fabrico de jeans – “o ouro azul”, como diz um morador local –, um lugar onde se trabalha até 14 horas por dia, o que ‘é melhor que ir para São Paulo’, afirma outra habitante da cidade de menos de 40 mil habitantes.

Daí o nome do filme, que remete a todas as felicidades que o trabalhador adia em nome da sobrevivência, no consagrado sucesso musical de Chico Buarque de 1972, trilha de filme “Quando o carnaval chegar”, de Cacá Diegues, no mesmo ano.

No Carnaval, para as pessoas de Toritama, ‘nem que seja pagando empréstimo a juros’, desabafa outra fabricante de calças, o negócio é ver o mar.

Na cidadezinha pernambucana com nome de origem guarani (“terra alegre”, entre outras acepções), até as pedras (“tori”) sabem que no carnaval vale tudo, menos ficar em Toritama.

 

SINOPSE

A cidade de Toritama é um microcosmo do capitalismo. A cada ano, mais de 20 milhões de jeans são produzidos em fábricas de fundo de quintal. Os locais trabalham sem parar, e os moradores são orgulhosos de serem os donos do seu próprio tempo. Durante o Carnaval, o único momento de lazer do ano, eles transgridem a lógica da acumulação de bens, vendem seus pertences e fogem para as praias atrás de felicidade. Com a Quarta-feira de Cinzas, um novo ciclo de trabalho se reinicia.

“Estou me guardando para quando o carnaval chegar”
De Marcelo Gomes (2019, documentário, Brasil, 83 minutos, 10 anos)