Existem inúmeros motivos para assistir ao filme Barbie, sensação mundial dirigida por Greta Gerwig. Além de ser uma das bonecas mais famosas do mundo com vendas que ultrapassam mais de um bilhão de unidades, a história dela é carregada de controvérsia e polêmica.

Criada em 1959 e lançada com o nome de Barbara Milicent Robert, Barbie foi inspirada pela filha do casal Ruth e Elliot Handler, empresários que imaginaram uma mulher ideal de corpo esguio, cabelos loiros e postura elegante tendo em vista que naquela época as bonecas eram bebês e crianças pequenas limitando assim as mulheres ao papel maternal.

Desde o lançamento do trailer e cartaz do filme os comentários começaram a surgir tanto em defesa quanto contra o roteiro construido para descrever a saga da Barbie ‘esteriotipada’, interpretada pela excelente (Margot Robbie) e Ken (Ryan Gosling), eterno namorado da boneca mas aparentemente sem muita relevância no enredo até que descubra o ‘mundo’ do homens dominado por cavalos.

Questionamentos sobre a morte e uma ponta de insatisfação fazem Barbie se consultar com a Barbie Estranha (Kate McKinnon), que a aconselha a literalmente ‘cair na real’ e ir para Los Angeles descobrir o porquê de seus questionamentos existencialistas.

Criada na Barbielândia onde o mundo rosa domina tudo e todos com sua vida perfeita, sua mansão, e suas amigas Barbies Presidente, Advogada, Contadora, Diplomata, Sereia, Plus Size e etc… ela se desespera ao se deparar com assédio sexual e rejeição de meninas adolescentes. Ken a acompanha na viagem e descobre o poder do patriarcado, palavra repetida inúmeras vezes para descrever de maneira simples os mecanismos que fazem o mundo girar. Com seus diretores, CEOs e donos de empresas. Críticas sociais apresentadas de maneira leve mas bem escritas em colaboração com o marido da diretora Noah Baumbach dão o tom do longa-metragem.

Ken é um moço ingênuo que absorve o pior da sociedade machista com atitudes imaturas e exemplos comuns que vemos acontecer dia a dia no mundo moderno. Ao retornar a Barbielândia ele invade a mansão da Barbie, promove festas regadas a muita cerveja e sugere a Barbie que seja sua ‘namorada de longo tempo sem compromisso’, disponível quando ele quiser. Quanta ingenuidade do rapaz!

Barbie por sua vez tenta descobrir a fonte de seus sonhos e pensamentos e acaba encontrando Gloria (America Ferreira), funcionária da fabricante Mattel, que é a responsável pelos pensamentos da boneca. Uma serie de acontecimentos e revelações serão apresentadas ao longo da história e várias referências você verá na tela, como os Kens dançando a coreografia de ‘Grease’, imitando John Travolta com sua jaqueta de couro e cheio de atitude.

O filme tem classificação etária de 12 anos e gerou polêmica entre católicos e cristãos ortodoxos amantes dessa sociedade caótica que eles insitem em respeitar onde as diferenças, diversidade e um leque de opções sexuais contrastam com a realidade quadrada e limitada em que eles se encontram. Barbie é sem dúvida um dos filmes mais aguardados do ano por toda bagagem cultural que ele traz e tem a pegada ame-o ou odeio-o. Vale o ingresso e o bate-papo pós exibição.

Destaque para a trilha sonora com canções de DualIpa (Dance the Night) e Billie Eilish (What was I made for?), que mostra todo o descontentamento da personagem em seus versos.