Em cartaz desde a última quinta-feira (29), ‘Bacurau’ de Cleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles teve sessão especial esgotada seguida de debate, na última sexta-feira no Cine Brasília.

A plateia assistiu entusiasmada ao longa vencedor do Prêmio do Júri recebido na última edição do Festival de Cannes na França e Melhor filme no Festival de Cinema de Munique-Mostra Cine Masters.

Para Juliano Dornelles, também roteirista, o reconhecimento da crítica abriu portas para a distribuição do filme pelo mundo. “Recebemos mais de 100 convites em festivais e de maio pra cá viajamos mundo afora. Em torno de 40 paíse como Estados Unidos, Canadá, Japão e Reino Unido querem comprá-lo. A recepção foi sempre muito calorosa e o debate constante”. declarou o diretor.

Bacurau é um bangue-bangue no sertão nordestino, mas precisamente em uma cidadezinha localizada em Pernambuco e que não aparece no mapa, abandonada pelas autoridades e com o mínimo de estrutura.

Ali moram uma grande família de crianças, jovens e velhos. Professor, médico, donas de casa, trabalhadores rurais, mas também putas e matadores. Sim, no ‘Museu de Bacurau’ as fotos revelam os antepassados cangaceiros, os risca-faca, os justiceiros que jamais baixaram sua guarda para ninguém.

“Bacurau é o fruto de observações das contradições sociais que aparecem na representação do Sertão, do nosso aborrecimento, do nosso desejo de surpreender, mostrando as pessoas deste outro mundo pobre e isolado que se vingam daqueles que sempre os viram como simples, engraçados e frágeis, enquanto eles são na verdade muito complexos e interessantes”, esclarece Juliano.

O filme se passa em um futuro próximo, a represa que abastece a região está bloqueada e ‘Lunga’ interpretado por Silvero Pereira está foragido. Ele mora escondido na represa e é o justiceiro de ‘Bacurau’. Quando uma série de assassinatos começam a acontecer na cidade, Lunga é imediatamente acionado e pôe em prática o seu plano de defesa dos seus.

Um grupo de ‘gringos’ planeja exterminar toda a população da cidade e como em um videogame estilo XBox com contagem de pontos para cada alvo executado, iniciam sua caçada. Os personagens comandados por Michael (Udo Kier) são o retrato da doente sociedade americana em sua suposta ‘supremacia branca’ na era Trump. Pobres coitados, eles não imaginam onde estão se metendo!

No elenco, Sônia Braga excelente como a médica ‘Domingas’, Lia de Itamaracá como ‘Carmelita’ e Thomás Aquino como ‘Pacote’.