Cildo Meireles- Malhas da Liberdade nº 4 (1)

Cildo Meireles- Malhas da Liberdade nº 4                  Fotos: Paula Pratini

Em cartaz de 26 de maio a 11 de agosto, no Centro Cultural do Banco do Brasil, a exposição “A experiência da arte- Série arte para crianças”, reuniu sete dos grandes artistas brasileiros com a proposta de levar às crianças um pouco da arte contemporânea brasileira. São eles: Cildo Meireles, Eduardo Coimbra, Ernesto Neto, Paula Trope, Vik Muniz, Waltercio Caldas e Wlademir Dias-Pino. Sob curadoria de Evandro Salles, o projeto que teve início no ano de 2007, traz esculturas, fotografias, instalações, obras sonoras e poemas desenhos. “A exposição não tem como o foco a didática. As crianças em seu estado de aprendizado inicial, em formação, são mais flexíveis e absorvem de maneira intensa a experiência estética que tem com as obras. Pra elas é sempre uma aventura, momento de descoberta e apreciação de algo novo, como que uma revelação.”, ressalta Evandro.

A exposição ocupa todos os espaços expositivos do CCBB, o trabalho do artista Vik Muniz está exposto no Pavilhão 2. O público poderá tomar contato com o processo criativo do artista através de um ateliê-estúdio fotográfico, que revelará ao espectador o método de elaboração de imagens de Vik Muniz e convidará o público a elaborar suas próprias imagens.  O segundo acolhe uma série de trabalhos originais, além de obras executadas pelos visitantes.

Desperate man  Vik Muniz

Desperate man – Vik Muniz

Riogiboia” é título da obra de Ernesto Neto que ocupa a Galeria 2. Inteiramente concebida para o local e totalmente inédita, uma grande escultura penetrável com formato de uma cobra-labirinto, que promove muitas voltas pela sala. Seu piso é feito de madeira com incrustrações de pedra que fazem os desenhos típicos da pele das cobras e dos signos indígenas tradicionais. As paredes da sala são dividas em 3 diferentes setores cobertos por fotografias impressas em tecido: uma parte fotos da Amazônia, o lado oposto fotos de uma grande metrópole como São Paulo, e entre as duas fotos de nuvens. A oposição Urbe-Floresta se apresenta como fonte de reflexão sobre os mitos culturais brasileiros, a necessidade de sua preservação e, ao mesmo tempo, sua projeção no universo urbano: a Cobra-Grande como metáfora da cidade grande labiríntica e sem fim. 

A obra de Paula Trope ocupa o Espaço Externo 1 e a Galeria Multiuso. Em seu trabalho, a artista utiliza um sistema inventado na Renascença, chamado ‘Câmara Escura’, usado por muitos pintores para capturar e reproduzir imagens – e que veio a se tornar base da câmera fotográfica. Paula Trope vai apresentar uma grande câmara escura móvel giratória para acolher 12 pessoas a cada vez. O público é convidado a entrar em seu interior e operar o mecanismo de captura da imagem externa através de um pequeno orifício e conferir sua projeção na parede.

O carioca Eduardo Coimbra apresentará seu trabalho no Espaço Externo 2, com um conjunto escultórico-arquitetônico formado por módulos na forma de cubos de três diferentes tamanhos. Esses módulos são empilhados e transformados em pequenos prédios-esculturas que podem ser escalados e utilizados de diversas maneiras pelos visitantes.

O térreo da Galeria 1 receberá um dos trabalhos mais reflexivos da mostra. Waltercio Caldas apresentará a série Falsa Maçã e a obra inédita ‘Inflamáveis’. ‘Falsa Maçã’ é construída com seis enormes mesas de metal com áreas de vidro que ocupam grande parte da sala. Os vidros, que seguem uma complexa construção de vários níveis, possibilitam a reflexão-espelhamento de uma maçã falsa colocada que foi deixada sobre a mesa. A questão da imagem que joga com as noções de falso e verdadeiro, sua função e signo que intervém no sentido de real é o tema do trabalho. Inflamáveis, posto em outro ponto da sala, é um trabalho inédito de pequeno porte onde são trocadas as funções de signo da cor: o vermelho do fogo e o branco do neutro.

Para reafirmar uma das premissas da arte contemporânea, que é não-distinção entre gêneros (literatura, artes visuais, música…), foi convidado para integrar a exposição A experiência da arte, o importante poeta brasileiro Wlademir Dias-Pino, um dos fundadores dos movimentos de poesia construtivista no Brasil. No subsolo da Galeria 1, ele transformou um de seus livros clássicos, A Ave, em instalação de parede, na qual o público poderá manipular palavras e os sistemas de leitura propostos pelo poeta. Usando o sistema de superfícies magnetizadas (ímãs) as palavras dos poemas poderão ser colocadas livremente nas paredes seguindo as configurações de leitura aberta propostas pelo poeta. Esse trabalho vai proporcionar ao público infantil a elaboração de metáforas e compreensão em torno do fluxo poético entre significado e significante.

Wlademir Dias Pinto- A Ave

A Ave- Wlademir Dias Pinto

O artista Cildo Meireles  apresenta dois trabalhos diferentes. O primeiro, RIOR, é uma proposta sonora criada pelo artista em 2012 e que acabou se transformando em longa-metragem, CD e instalação. A obra reúne o som gravado nos principais rios da enorme rede fluvial brasileira, do amazonas ao São Francisco. RIOR – Ouvir o Rio convida o público a pensar na água como elemento fundamental da vida no planeta. Serão instaladas redes onde o público poderá se deitar para ouvir o ruído das águas. A segunda obra de Cildo – Malhas da Liberdade – é formada por três estruturas de plástico que podem ser encaixadas de infinitas formas. Caberá a cada visitante manipular as estruturas que apesar de serem grandes oferecem inesperada liberdade de expressão.

Cildo Meireles- Rio Oir- Fotos Paula Pratini

Rio Oir- Cildo Meireles

Serviço:
A experiência da arte-Série para crianças
Local: CCBB- SCES trecho e lote 22
De 24/05 a 11/08 (de quarta a segunda-feira), das 9h às 21h
Entrada franca
Classificação livre