A premiação do 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro aconteceu na noite da última terça-feira (27), no Cine Brasília.
Este ano a seleção dos filmes foi focada principalmente em denúncias e a maioria dos filmes exibidos estava voltada para questões políticas e sociais do país. Na ‘Mostra Competitiva’ foram exibidos dois filmes com a temática indígena: ‘Martírio’, documentário de Vicent Carelli, que denuncia o genocídio da tribo Guarani Kaiowá e ‘Antes o Tempo não Acabava” (exibido na última edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim-Berlinale), sobre um jovem indígena e seus conflitos entre a vida urbana e as tradições de seu povo.
Em ‘A Política no Mundo e o Mundo da Política’, os destaques foram os documentários ‘Entre os homens de Bem’, filme sobre o deputado federal e ativista LGBT Jean Wyllis, sua trajetória durante três anos no Congresso Nacional e sua luta diária contra a bancada conservadora e ‘Sexo, Pregações e Política’, que aborda a imagem da sexualidade liberada e a diversidade brasileira vista no exterior, mas que não condiz com a realidade vivida no país onde a violência contra os homossexuais e a questão do aborto são alguns dos piores problemas enfrentados.
O longa ‘Rifle’, filmado no Rio Grande do Sul beirando a fronteira com o Uruguai, mostra a luta dos pequenos produtores que sofrem com a invasão dos grandes proprietários que praticamente expulsam famílias de suas terras. A situação rural e o êxodo forçado para as áreas urbanas é o tema do filme.
Na ‘Mostra Brasília’, que sempre traz ótimas surpresas, os destaques foram ‘Cora, Coralina-Todas as Vidas’, belíssimo e poético filme onde são reveladas em prosa, verso e imagens, todas as facetas da vida da poetisa desde a sua infância, na cidade de Goiás, sua mudança para São Paulo e seu retorno 45 anos depois onde se revelou para o mundo.
Também ‘Rosinha’, o divertido curta-metragem que aborda a sexualidade na terceira idade em um triângulo amoroso; ‘Catadores de História’ sobre o cotidiano dos catadores de materiais recicláveis no ‘Lixão da Estrutural’, considerado o maior a céu aberto da América Latina e a relação dos indivíduos que vivem sob condições sub-humanas, mas mesmo assim trabalham com dignidade e nos dão um grande exemplo de cidadania e ‘Cícero Dias, O Compadre de Picasso’, sobre o pintor pernambucano, que conviveu com grandes mestres como Picasso, Juan Miró e Fernand Léger e trouxe na bagagem a influência deles onde mesclou com suas origens. Cícero Dias ficou conhecido mundialmente pelo seu trabalho e foi um dos grandes expoentes de sua época.
O grande vencedor da noite, ‘A Cidade que Envelheço’, uma co-produção Brasil-Portugal conta a estória de duas amigas, uma emigrante portuguesa e outra brasileira e o impasse pela mudança de país e a vontade de descobrir novos lugares, mas a saudade de casa e as raízes.
Melhor Filme de longa-metragem
‘A cidade onde envelheço’, de Marília Rocha
Melhor Direção
Marília Rocha, por ‘A cidade onde envelheço’
Melhor Ator
Rômulo Braga, por ‘Elon não acredita na morte’
Melhor Atriz
Elisabete Francisca e Francisca Manuel, por ‘A cidade onde envelheço’
Melhor Ator Coadjuvante
Wederson Neguinho, por ‘A cidade onde envelheço’
Melhor Atriz Coadjuvante
Samya de Lavor, por ‘O último trago’
Melhor Roteiro
Davi Pretto e Richard Tavares, por ‘Rifle’
Melhor Fotografia
Ivo Lopes, por ‘O último trago’
Melhor Direção de Arte
Renata Pinheiro, por ‘Deserto’
Melhor Trilha Sonora
Pedro Cintra, por ‘Vinte anos’
Melhor Som
Marcos Lopes e Tiago Bello, por ‘Rifle’
Melhor Montagem
Clarissa Campolina, por ‘O último trago’
Prêmio Especial do Júri Oficial
‘Martírio’, de Vincent Carelli em colaboração com Ernesto de Carvalho e Tita