Melissa Maurer

O projeto fotográfico ‘O Caminho do Cerrado’ da brasiliense Melissa Maurer, lançado no último dia 05 de junho, possui cunho artístico, ilustrativo e denunciativo sobre a devastação crescente do Cerrado gerada principalmente pelo agronegócio. É um alerta sobre a aproximação e extensão dessas atividades por todo o percurso entre Brasília e o Munícipio de Alto Paraíso de Goiás-Chapada dos Veadeiros.
As imagens fazem com que um novo olhar se abra sobre o caminho que o Cerrado, considerado a savana com maior biodiversidade do planeta, e a região da Chapada dos Veadeiros – Patrimônio Natural da Humanidade (UNESCO), vem enfrentando.
O ensaio fotográfico ‘O caminho do Cerrado’ apresenta a trajetória, pela rodovia GO-118, de uma mulher nua, usando apenas máscara e botas para protegê-la. Durante o percurso, ela observa e registra todo o desaparecimento da vegetação nativa e o crescimento das monoculturas, e todos os impactos causados por essa ação.
Nua, ela transita pela estrada expondo seu corpo a todos esses impactos até chegar ao fim da sua caminhada adentrando na área protegida e preservada: a Chapada dos Veadeiros. Acolhida pela natureza, finalmente consegue a proteção necessária para livrar-se da máscara e pode, enfim, respirar livremente.

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Um trabalho forte, chocante, revelador, que alerta e tem o intuito de mudar a visão sobre ‘O caminho’ que a humanidade deve percorrer para manter-se em equilíbrio e proteger as futuras gerações. Um registro que nos leva a refletir sobre como agregar a sustentabilidade às atividades rurais e ao agronegócio, visando possibilitar menores impactos ao meio ambiente por meio da preservação do cerrado, esse bioma tão importante para o nosso planeta.
A mulher: Representa a mãe natureza que tem o poder e capacidade de gerar a vida, de nutrir seus filhos e sustentá-los com o poder do seu “leite”. A mulher representa a delicadeza, a fragilidade, a beleza, assim como a transformação, a renovação da vida, a proteção que toda mãe tem por seus filhos, a força que as mulheres possuem para seguir mesmo diante das adversidades.
Com sabedoria e sensibilidade podemos fazer uso dos recursos naturais de maneira sustentável, sem utilizar os recursos de maneira inconsequente.
O nu: Representa a exposição que estamos sofrendo ao estar em contato com todas as degradações. O contato da pele nua, sem vestimenta, sem nenhuma proteção, com as degradações encontradas demonstra a fragilidade da humanidade diante do desmatamento e do uso de agrotóxicos. A pele em contato direto com a destruição durante toda a trajetória remete à pouca durabilidade do nosso corpo e da sociedade diante dos excessos cometidos arbitrariamente.

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Serviço:
www.ocaminhodocerrado.blogspot.com.br