Considerada a primeira música urbana brasileira e pedra fundamental na construção da MPB, o ‘Choro’ é um gênero musical calcado na espontaneidade. Ser um chorão exige domínio formal do instrumento e, ao mesmo tempo, capacidade de produzir improvisos surpreendentes.

Como fazer para conciliar intuição e lógica, prática e teoria, invenção e aprendizagem?

Foi este o desafio sobre o qual se debruçaram os músicos Henrique Neto e Dudu Maia, dois expoentes do Choro que se faz hoje no Brasil.

Depois de analisar a obra e o estilo dos maiores criadores do gênero, eles descobriram semelhanças fundamentais nos caminhos harmônicos e nas soluções musicais encontradas por cada compositor.

Um verdadeiro mapa da mina para qualquer instrumentista, estudante ou interessado, descrito e ilustrado no ‘MANUAL DO CHORO’ a ser lançado em 26 de agosto, às 21h, no Clube do Choro de Brasília.

O ‘MANUAL DO CHORO’ representa o fruto de quase duas décadas de experiência da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, a primeira dedicada exclusivamente ao ensino do gênero no Brasil, sediada em Brasília desde 1998.

Para chegar ao formato da publicação, o violonista Henrique Neto, coordenador da Escola, e o bandolinista Dudu Maia estudaram o legado de alguns dos maiores nomes da música popular brasileira, como Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Ary Barroso, Garoto, Radamés Gnatalli, Waldir Azevedo e K-Ximbinho, entre outros.

Mais do que coincidências, eles perceberam que havia uma autêntica conexão entre muitas composições dos grandes mestres separadas no espaço e no tempo. A partir daí, partiram para sistematizar essa constatação com uma iniciativa inédita na história da MPB: o MANUAL DO CHORO, que já sai com uma versão em inglês.

Além dos conceitos teóricos, o método vem com dados históricos e partituras, um CD com áudios inéditos dos exemplos citados no livro, playbacks e interpretações de clássicos do Choro e de obras autorais inéditas.

O bandolinista Hamilton de Holanda, exponte da musica brasileira e virtuose de seu intrumento, foi um dos colaboradores do Manual e deu dicas e sugestões para sua elaboração.

Hamilton afirma: O Manual do Choro tem uma importância histórica. Acima de tudo é uma valorização da cultura do Brasil” . E completa: ” O manual faz com que a linguagem musical (do Choro) fique fácil de entender e é garantia de propagação e divulgação do nosso chorinho pelo mundo.

ANOS DE PESQUISA

A ideia da criação de um MANUAL DO CHORO acompanha a própria história da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, lembra Henrique Lima Santos Filho (o Reco do Bandolim), fundador da Escola e presidente do Clube do Choro de Brasília.

“Sempre alimentamos o sonho de construir caminhos musicais ao mesmo tempo coerentes e delicados para sistematizar o ensino do Choro sem lhe roubar a espontaneidade”, ele diz.

Reco do Bandolim conta que a tradição autodidata dos grupos de Choro remonta aos programas de auditório das primeiras emissoras de rádio do país como solução barata e eficaz para acompanhar os concursos de calouros, a um custo infinitamente menor que o das orquestras.

METODOLOGIA

A análise de um grande número de Choros assinados pelos mestres do gênero revela que há uma forte similaridade na forma com que os temas foram compostos. É possível identificar um padrão de recorrência na métrica, harmonia, ritmo e fraseado das músicas. A finalidade do MANUAL DO CHORO é compreender os elementos de convergência comuns ao repertório de grandes compositores DO GÊNERO. Mas é importante considerar que o Choro tem a liberdade de criação como uma de suas principais características e é permanentemente reinventado por seus autores e intérpretes.

O método disponibiliza ferramentas para que o leitor/aluno/instrumentista possa compreender melhor e se desenvolver dentro do universo do Choro. Os exemplos são apresentados nas tonalidades mais comuns ao repertório. No entanto, os autores enfatizam a importância da transposição e da aplicação prática dos exemplos no maior número possível de músicas. “O Choro tem uma riqueza plural, que reúne o refinado acabamento estético da música européia trazida pelos colonizadores e a acentuação rítmica do povo mestiço, um movimento que estava em formação no Brasil do século 19. O resultado é uma música complexa e ao mesmo tempo despretensiosa, que pode ser tocada numa sala de concertos ou num fundo de quintal”, escrevem Henrique Neto e Dudu Maia na apresentação do livro.

Segundo eles, o MANUAL DO CHORO pode ser adaptado a qualquer instrumento musical, mas é importante que o aluno tenha noções básicas sobre formação de acordes e notação musical, além de razoável domínio do instrumento. O livro é indicado para quem aprecia não apenas o Choro, mase todos os demais estilos da MPB, do samba à bossa-nova: “Basta observar a obra de compositores como Tom Jobim, Villa-Lobos, Luiz Gonzaga, Ernesto Nazareth e Nelson Cavaquinho para sentir que o Choro está presente no legado musical de todos eles”, dizem os professores.

Dedicado a músicos, estudantes de música e apreciadores do gênero, o manual é um guia definitivo de ensino do Choro, como gênero musical, e contém os conhecimentos auxiliares necessários para o desenvolvimento do músico amador ou profissional. Os conteúdos teóricos e práticos são aplicados a cenários musicais reais, trazendo análises musicais de grande complexidade de forma didática e compreensível.

Serviço:
Lançamento ‘Manual do Choro’
Dia 26/08 (sábado), às 21h
Local: Clube do Choro de Brasília-Eixo Monumental
Preço: R$40 (Preço de Lançamento)
Informações: (61) 99557 8045 (Henrique Neto)