Exposição resgata a história de Francisca Edwiges Neves Gonzaga (1847-1935) entre documentos, partituras, capas, objetos, fotos e conteúdo musical e audiovisual biográfico produzido pela instituição que retratam a sua vida e obra, inclusive sua  identidade negra costumeiramente ignorada.

Há 100 anos, ela foi a primeira mulher a reger uma orquestra, a escrever uma partitura para teatro e a compor uma marcha carnavalesca no Brasil. A artista produziu mais de duas mil canções autorais e 77 partituras para peças teatrais.

Apresentações online construídas em torno de seu repertório, atividades educativas, mecanismos de acessibilidade e a confecção de um hotsite integram a Ocupação.

Este é o universo que o público encontrará no espaço expositivo do piso térreo do Itaú Cultural. Cerca de 120 itens conduzem o visitante pela vida e produção de Chiquinha, entre suas partituras, como a de Ó Abre Alas, a primeira marcha de Carnaval do país, composta em 1899 por ela para o Cordão Rosa de Ouro. Outra referência é A Corte na roça, espetáculo pelo qual se tornou a primeira mulher a escrever partitura para teatro no Brasil.

Um mecanismo ativável por pedais que disparam o som de diferentes instrumentos toca trechos de Ó Abre Alas. Outra ferramenta ativa as teclas de um piano de chão, por meio do qual se ouvem diferentes composições de sua autoria. Cada tecla pisada aciona um audiovisual com a execução e arranjos feitos por musicistas contemporâneos sobre diversos gêneros compostos por Chiquinha: Di Ganzá, toca uma valsa de opereta, Amaro Freitas, uma polca, Mestrinho vai de maxixe, Maíra Freitas, segue com uma cançoneta cômica e Ana Karina Sebastião com uma dança africana.

Por toda a exposição encontram-se documentos da época, objetos, partituras, capas e fotos. Cinco audiovisuais produzidos pelo Itaú Cultural com textos biográficos feitos pela escritora e dramaturga Maria Shu, escritos especialmente para a mostra, apresentam Chiquinha contando trechos de sua vida, na pele de Dona Jacira, multiartista e mãe de Emicida; Jup do Bairro, cantora, compositora e apresentadora; Beth Beli, percussionista e fundadora do bloco carnavalesco Ilú Obá De Min, a atriz Indira Nascimento e a cantora Fabiana Cozza. Todas são negras como Chiquinha, cuja história se desdobra em suas vidas.

Uma vida que se mescla com a construção do Brasil

Chiquinha nasceu no Rio de Janeiro, então capital do país, palco de grandes lacontecimentos, em 17 de outubro de 1847. Acompanhe como a linha da vida da compositora, maestrina, abolicionista se entrecruza com alguns dos mais importantes momentos da história brasileira na passagem do Império para a República.

A biografia de Francisca Edwiges Neves Gonzaga começa no Império e morre na República. Na década em que ela nasceu, o Brasil havia entrado no Segundo Reinado, com a antecipação da maioridade de Dom Pedro II. O país ainda era escravocrata e os costumes eram rígidos, principalmente para as mulheres que não tinham vez, nem voz. Neta de escravizada, filha de mãe parda liberta e de um militar de família tradicional, a afrodescendente Chiquinha foi embranquecida pelo racismo estrutural.

Transgressora e talentosa, apesar de todos os obstáculos que enfrentou – inclusive a separação da família e dos filhos por ter optado pela carreira da música –, Chiquinha Gonzaga se tornou a primeira maestrina brasileira.

Entre outras obras-primas de sua produção, foi a autora da primeira marchinha de Carnaval, Ó Abre Alas, que até hoje ressoa pelo país.

Os grandes acontecimentos de sua vida, se entrelaçaram com os principais momentos da história brasileira, quando o país passou do Império para a República.  

Ela morreu no dia 28 de fevereiro de 1935, uma quinta-feira e já em plena República Brasileira. Dois dias depois, no sábado de Carnaval, 2 de março, realizou-se o primeiro concurso oficial das escolas de samba. Acompanhe abaixo a linha do tempo de sua vida e do Brasil.

Serviço:

Ocupação Chiquinha Gonzaga

De 24/02 a 23/05 de 2021

Funcionamento: terças-feiras a sextas-feiras, em horários sob consulta para agendamento (obrigatório) das visitas, que deve ser feito pelo link sympla.com.br/agendamentoic 

Abertura da agenda: todas as segundas-feiras, a partir das 9h, seguindo por toda a semana, com o agendamento sujeito à lotação dos grupos. Caso o visitante queira ver uma segunda mostra no mesmo dia, deve verificar a possibilidade de novo agendamento. 

Permanência do público: 50 minutos em cada exposição. Trata-se de uma limitação de tempo máximo no espaço, que considera os protocolos de periodicidade de limpeza para cada ambiente.

Ingressos: gratuitos 

Informações: pelo telefone (11) 2168-1777
Atualmente, esse número funciona de segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 18h, sábados, domingos e feriados das 11h às 16h
E-mail: atendimento@itaucultural.org.br
www.itaucultural.org.br