Um dos maiores cantores e intérpretes brasileiros é retratado no longa metragem dirigido por Esmir Filho, ‘Homem com H‘,na pele de Jesuíta Barbosa.

Ney Matogrosso sempre foi um transgressor, figura emblemática da cultura brasileira que até hoje traz aos palcos performances marcantes e cheias de energia, encarnando seus personagens em figurinos extravagantes criados por ele.

Desde a época do Secos e Molhados, nos idos dos anos 70, Ney afrontava a caretice da sociedade com suas apresentações teatrais em meio a opressão dos militares na ditadura. Seu corpo exalava sexo e liberdade.

Seu despertar artístico surgiu quando ainda era um menino. Descobriu-se ao assistir boquiaberto o show da cantora Elvira Pagã (Ceu), conhecida pela sua sensualidade marcante.

Em casa, desde pequeno sofria com a repressão do pai, militar autoritário que não admitia ter um filho artista e afeminado. Ney fazia de tudo para agradá-lo e chegou a servir a aeronáutica pra chamar sua atenção. Mas no fundo a fama e o estrelato o acompanhavam. Ele foi contra tudo e todos! Seguiu seu caminho e abraçou o teatro e a música em meio a ebulição artística de sua geração.

Sua carreira meteórica chamou a atenção de muitos artistas incluindo seu grande amor, o jovem talentoso Cazuza com que teve um longo affair. Caju compôs ‘Poema’ que Ney interpretou com toda sua sensibilidade e exuberância.

A canção ‘Homem com H’ de Antônio Barros é conhecida nos quatro cantos do país. Um forró debochado que mexe com o imaginário popular e que na voz do cantor ganhou força naquela persona ambígua.

Ney Matogrosso é o precursor na libertação dos padrões e normas impostas. Sua postura perante a vida e a liberdade de expressão continuam a inspirar gerações. Um ícone!