attooxxa_foto_divulgacao

Já pensou em ver o funk carioca em diálogo com as aparelhagens paraenses? O rap produzido em todo o Brasil em aproximação com os sons do pagode periférico baiano? Imagine que mistura inusitada ver o som sintetizado que protagoniza o forró nordestino com a pegada do kuduro angolano ou a originalidade da marrabenta moçambicana aliada à sensualidade da reggaeton de Porto Rico e Cuba. Que tal ver uma mistura disso tudo? É essa a ideia do ‘Favela Sounds’, o primeiro Festival Internacional de Cultura de Periferia realizado no Brasil, que acontece entre os dias 14 e 19 de novembro, com programação gratuita no Distrito Federal.
O selo ‘Made in Periferia’ caiu no gosto do público e, atualmente, muitos dos produtos culturais vindos das quebradas fazem sucesso em outros cantos do Brasil. Se hoje é “bonito” ser periferia, os símbolos associados a este comportamento ainda parecem conduzir a uma espetacularização da cultura de favela, sem muita preocupação com a dissolução de preconceitos e barreiras sociais, reproduzindo comportamentos similares aos de tempos longínquos da história brasileira.

gang-do-eletro_foto-jorge-bispo-1

Um exemplo é o alcance do funk carioca, produção exclusiva de favelas, que hoje ganha grandes palcos mundiais e festas voltadas para as classes mais altas. Isso é bom? Nem sempre! O lado negativo é que a representação da favela ante o Brasil e o mundo nem sempre aparece dotada de realidade. Uma “maquiagem social” aparenta fazer uma seleção do que é belo e apresentável ante o mundo, e o que não é.
O evento será dividido em três etapas e acontecerá em cinco diferentes Regiões Administrativas: Brasília, Mestre d’armas, Samambaia, São Sebastião e Ceilândia. A primeira etapa, ‘Ralação’, acontece entre os dias 14 e 18 e é voltada para as oficinas profissionalizantes. A ideia é promover um intercâmbio de experiências, reunindo alunos que já dialogam com os temas propostos e apresentando a eles outras abordagens dentro daquela linguagem artística. As oficinas serão de música, moda, grafite e dança. Logo, a ideia é dar ao dançarino de break, uma noção de dança afro, e assim por diante.
A segunda etapa, ‘Papo Reto’, é voltada para os debates. Aqui o foco é trazer à tona os temas que circulam por meio da produção cultural de periferia, assim como discutir o próprio fazer cultural dentro das favelas. Coordenadas pelo Mestre em Antropologia Urbana, Dennis Novaes, as conversas acontecerão no Auditório II do Museu da República e terão como temas “De Baile em Baile”, sobre economia cultural na favela, “É Som de Preto, de Favelado”, que trata de representatividade na produção cultural de periferia e “A Porra da Buceta é Minha”, que discute arte e performances de gênero nas quebradas.

mccarol_divulgacao1

Já na última etapa, o festival promove um grande Baile. A festa acontece nos dias 18 e 19 de novembro, na Praça do Museu da República. Serão dois dias de shows nos quais se apresentam grandes nomes das quebradas do DF, os participantes das oficinas – em um número multilinguagem especialmente preparado para a data –, além de nomes de repercussão nacional. A curadoria do evento buscou unir, num mesmo palco, não somente diferentes estilos musicais, como nomes que trazem em sua história a luta pela inclusão, pela diversidade e pelo respeito ao que é produzido nas quebradas do Brasil e do mundo.
Representando a força do rap do DF, Vera Veronika, a primeira mulher a assumir o rap como profissão por aqui sobe ao palco para contar toda sua história de luta e superação. O DJ Chokolaty, nome de destaque dos bailes da cidade também tá na mistura do Favela, além do trio Duafe, com uma dançante mistura de hip hop, música afro e latina.
De fora do quadrado, chegam a Brasília a banda paraense Gang do Eletro, com boa dose de tecnobrega; o DJ Byano, representando o Baile da Chatuba do Rio de Janeiro, com muito funk; o rapper paulista Rincón Sapiência, tratando de questões de raça e chamando a galera no flow; a banda baiana Ara Ketu, somando ao Favela Sounds todo o peso da ancestralidade dos tambores e dos blocos afro do Nordeste; MC Carol, funkeira feminista vinda diretamente de Niterói (RJ); DJ Waldo Squash, também de Belém do Pará para fazer todo mundo tremer; os lendários MCs Cidinho e Doca, representando a Cidade de Deus com um repertório funk recheado de clássicos; o DJ baiano ÀTTØØXXÁ, com o melhor do Bahia Bass para esquentar os pick-ups, além do DJ angolano Ketchup, que fecha a mistura trazendo uma boa dose de kuduro para o festival. Em um oferecimento do festival Satélite 061 – 24 Horas no Ar, o Baiana System, um dos mais aclamados grupos brasileiros da atualidade, invade o palco do Favela Sounds, complementando a programação do evento em grande estilo.
Todas as atividades são gratuitas. Para as oficinas, é necessário realizar inscrição, que estará disponível a partir do dia 25, no site www.favelasounds.com.br. Para os shows, é necessário retirar um ingresso sem custo também pelo site, na mesma data.

Serviço:
Favela Sounds-Festival Internacional de Cultura de Periferia
De 14 a 19/11
Local: Museu da República e Regiões Administrativas
Informações: www.favelasounds.com.br | 61 99253-6952 | Facebook.com/favelasounds | Facebook.com/umnomecomunicacao
Classificação livre.

728x90