No último sábado 21 de janeiro, aconteceu nos EUA e outros países como Austrália, a maior ‘Marcha das Mulheres’ realizada até hoje. Mais de 2.5 milhões de pessoas foram às ruas em prol dos direitos iguais, segurança, liberdade de expressão e respeito que nós mulheres tanto almejamos. Você leitor, deve estar se perguntando porquê citei este evento aqui neste artigo?
O motivo é simples: Filmes como ‘Estrelas além do Tempo’ nos fazem pensar sobre a importância das mulheres no mercado de trabalho e quanto é difícil ter o devido reconhecimento no mundo em que vivemos. Especialmente agora com o presidente eleito nos EUA, Donald Trump e seu discurso sexista, racista e que exclui as minorias.
O filme, dirigido por Theodore Melfi, foi baseado na história real de três mulheres, em plena era de segregação racial, mais precisamente na cidade de Hampton/Virgínia, na década de 50.
Katherine Johnson, matemática, física e cientista espacial (Taraji P. Henson); Dorothy Vaughan, matemática (Octavia Spencer) e Mary Jackson, engenheira espacial e matemática (Janelle Monáe) ultrapassaram inúmeras barreiras e sofreram preconceito explícito na maior agência espacial do mundo, a NASA, mas foram exemplos em um país que insiste até os dias de hoje em tratar com indiferença e desrespeito os negros.
As três faziam parte do programa espacial implantado na época anterior ao lançamento do primeiro astronauta à lua. Neste período elas trabalharam ativamente em todo o processo ligado às cápsulas que fizeram as primeiras viagens em volta da órbita terrestre. O coronel John Glenn Jr. (Glen Powell) foi um dos maiores incentivadores da equipe feminina, e tinha total confiança nas garotas que trabalhavam diariamente em minuciosos cálculos sobre a aterrissagem perfeita, possíveis riscos durante a viagem, a trajetória, estrutura física de cada foguete e tudo que envolvia o programa.
No filme o ator Kevin Costner é Al Harrison, chefe encarregado de toda a missão espacial e responsável pelo quadro de funcionários. Relutante no início com a contratação de Katherine, Al se mostra cada vez prestativo e confiante na capacidade e na precisão dos cálculos que Katherine apresentava. Isso desperta a inveja e o preconceito da equipe que é formada somente por homens brancos.
Em uma das cenas Katherine vai até a garrafa de café da equipe para se servir e recebe a reprovação silenciosa de todos em sua volta. No dia seguinte é colocada ao lado desta mesma garrafa, uma outra, com a descrição ‘Café para Negros’. Detalhes que parecem insignificantes, mas que mostram como era a realidade naquela época, mesmo ela sendo uma funcionária de alto escalão e prestígio.
Katherine, hoje com 98 anos. é considerada uma das 100 mulheres mais influentes e inspiradoras do mundo. Conseguiu se tornar uma pioneira na corrida espacial e participou ativamente de muitos voos do projeto Mercury e da Apollo 11. Em 2015 ela foi premiada com a Medalha Presidencial da Liberdade, entregue pelo então Presidente Barack Obama.
Estrelas além do Tempo é um daqueles filmes que marcará a temporada e merece cada minuto de sua atenção. Um história envolvente que entristece, mas que desperta em nós a verdadeira força interior para conquistarmos tudo aquilo que nos é de direito e que podemos almejar.