Natureza morta com frutas e pão, Ralph Gehre (esmalte sobre tela)

Natureza morta com frutas e pão, Ralph Gehre (esmalte sobre tela)

Com curadoria de Júlio Martins, “Pela superfície das páginas… ” reúne obras de artistas brasileiros que se valem da página como plataforma artística

O Espaço Cultural Marcantonio Vilaça retoma suas atividades com exposição inédita no Brasil a partir do dia 24 de junho. “Pela superfície das páginas… ” se apresenta como um desdobramento da exposição “Through the surface of the pages … ”, realizada em 2012 na Universidade de Harvard, em Cambridge, MA (EUA), com a curadoria do mineiro Júlio Martins. Na ocasião, foram reunidas obras de artistas brasileiros que trabalham com o espaço da página, em termos formais e poéticos, a partir das mais diversas linguagens artísticas. Com 36 artistas de todo o Brasil e 54 obras selecionadas, a exposição fica em cartaz até o dia 13 de agosto, das 9 às 19h, com entrada franca.

O primeiro estímulo ao trabalho de curadoria de Júlio Martins são os livros de artista, livros-objeto que extrapolam a função e o conceito tradicional de um livro e se assumem como peças de arte. As obras se caracterizam como suporte de representação da ideia do artista e possibilitam a aproximação tátil e visual com a criação. Além da exibição de um conjunto de livros de artista, a exposição reúne, também, obras em fotografia, desenho, objeto, vídeo e áudio, numa compreensão ampliada da página em relação à sua função primária.

O ineditismo da exposição permite a exibição de um mapeamento dos diferentes tratamentos e concepções que artistas de todo o país constroem em torno da página, questão emergente no cenário da arte brasileira contemporânea. Mais do que um espaço para se escrever sobre arte, a página como plataforma tem se mostrado uma instância significante e muito recorrente na produção artística brasileira.

São muitos os trabalhos, e em diversas linguagens, que exploram as características formais, físicas, poéticas e simbólicas da página, entendida em sentido amplo. Já na abertura, a artista Mariana Rocha apresentará a performance “Solo”. Entre as obras, um dos destaques da exposição é “Réquiem” (desenho sobre papel, 2011), da mineira Sara Lambranho, que atrai os olhares do público ao transformar as partituras musicais em espaço de subversão de padrões. Além desta, chamam atenção a instalação “Avant et après la lettre” (instalação com papel picado e livro, 2011), da paulistana Marilá Dardot e a obra “Natureza morta com frutas” (esmalte sobre tela), do brasiliense Ralph Gehre.

A artista mineira Laís Myrrha apresenta vídeo em looping, com as tentativas de capturar o passar do tempo de um relógio digital em desenho, que leva o nome de “Compensação de erros” (vídeo em looping e desenho 56 x 65 cm, 2007). Há também a instalação “Perspectiva para linhas paralelas”, do mineiro Bruno Cançado (papel, dimensões variáveis, 2012), na qual os papéis ganham dimensões distintas a partir de traços acentuados. Completam a lista os seguintes artistas: André Burian, Bill Lühmann, Carolina Cordeiro, Cinthia Marcelle, Fábio Morais, Gabriel Borem, Jimson Vilela, Marco Antonio Mota, Pablo Lobato, Paulo Climachauska, Raquel Stolf e Yuri Firmeza.

Em Brasília, a mostra agrega artistas locais afins à proposta de curadoria. A partir de pesquisa prévia, unem-se às obras já expostas em Boston, jovens representantes da cena de artistas brasilienses. Vale ressaltar que o interesse pelo universo gráfico e as possibilidades editoriais têm sido recorrentes na produção do Distrito Federal, o que chama atenção de curadores e pesquisadores especializados. Dos artistas locais, foram convocados Allan de Lana, André Valente, Dani Dumoulin, Felipe Cavalcante, Felipe Sobreiro, Gabriel Góes, Iris Helena, Léo Tavares, Lucas Gehre, Luciana Bastos, Luciana Paiva, Matias Monteiro, Paulo Vega Jr., Pedro Ivo Verçosa, Ralph Gehre, Rafael Godoy, Renato Rios, Silvino Mendonça, e Virgílio Neto.

Nos anos recentes, se intensificaram iniciativas, publicações, estudos e exposições dedicadas ao tema. Também se difundiram por todo o país selos editoriais criados por artistas e feiras de publicações de artistas. Entre os últimos trabalhos de destaque, o terreiro “Longe daqui, aqui mesmo” de Fabio Morais e Marilá Dardot, que reuniu livros de artistas de vários autores de todo o mundo para o acervo do Arquivo Wanda Svevo, na 29ª Bienal de São Paulo; e a proposta de exibir um núcleo exclusivamente dedicado aos livros de artista brasileiros dentro da importante exposição “Imagine Brazil”, um panorama da arte contemporânea brasileira no Astrup Fearnley Museet , em Oslo, 2013, com curadoria de Hans-Ulrich Obrist.

Entre os livros de artista apresentados na exposição coletiva, estão Fábio Morais com “Artoday”, Allan de Lana com “Dente” e “E unidos caíram todos na solidão”, Cinthia Marcelle e Marilá Dardot em “Irmãs”, Ralph Gehre em “Caderneta”, dentre outros.

A primeira curadoria da mostra, ainda com o nome “Through the surface of the pages …”, realizada em Boston por Júlio Martins, foi apresentada no DRCLAS, da Universidade de Harvard. Um programa de vídeo e uma publicação acompanharam um seminário temático sobre Arte Brasileira apresentado dentro da programação da universidade e podem ser vistos pelo site throughthesurfaceofthepages.com.

A exposição estará aberta a visitas educativas para alunos e professores, que podem ser agendadas pelo telefone (61) 3316-5221. A mostra é uma realização do Tribunal de Contas da União.

Sobre o Espaço Marcantonio Vilaça

Depois de um fechamento para reformas, o Espaço Cultural Marcantonio Vilaça reabre as portas com a exposição “Pela superfície das páginas…”. O espaço, que funciona dentro do prédio do Tribunal de Contas da União, faz parte de um complexo cultural, integrado, também, pelo Museu do TCU. As duas galerias de arte serão reinauguradas na noite de abertura da exposição, a partir das 19h do dia 24 de junho. Com o intuito de compreender a organização do passado econômico-administrativo brasileiro e a influência de Portugal nesse processo, o Museu do TCU apresenta a exposição Casa dos Contos, uma narrativa dos antecedentes do Tribunal de Contas no Brasil, criado em 1890.

Serviço

Exposição “Pela superfície das páginas… ”

Data de abertura: 24 de junho, às 19h

Visitação: 25 de junho a 13 de agosto

Horário: 9h às 19h (segunda a sexta-feira) e 14h às 18h (sábados)

Local: Espaço Cultural Marcantonio Vilaça – Setor de Administração Federal Sul (SAFS), Quadra 4 Lote 1, Térreo. Edifício Sede do Tribunal de Contas da União

Classificação indicativa: Livre

Informações e visitas agendadas pelo telefone: (61) 3316-5221

O Espaço Cultural Marcantônio Vilaça é fechado aos domingos, feriados e em dias de jogos da Copa do Mundo.