Natural de São José do Egito, em Pernambuco, Donzílio fixou residência na Capital em 1960. É poeta e repentista violeiro há 69 anos e atualmente se dedica à escrita de livros, livretos e composição de poemas

Contar a história deste mestre no DF, com dezenas de obras publicadas, é um ato de reconhecimento a um dos artistas pioneiros do DF

Cordel, Poema e Repente reúne gerações de poetas e repentistas, que convivem e se inspiram na obra de Donzílio Luiz, em quatro aulas-magnas, sete oficinas, dez apresentações de Repente e Poesia e edição e distribuição de 2 mil Livretos de Cordel. O projeto vai circular por feiras de Taguatinga, Guará e Vicente Pires, além de Escolas Públicas de Taguatinga.

Além do próprio homenageado, participam da iniciativa a poeta Lilia Diniz, o famoso cordelista e gestor cultural do Rio Grande do Norte, Joaquim Crispiniano Neto, Geraldo Amâncio, um dos maiores ícones da poesia popular nordestina, e os três repentistas de maior destaque do DF – Valdenor de Almeida, Chico de Assis e João Santana.

Neste 27 de agosto, sábado, a partir das 11h, os repentistas Chico de Assis e João Santana, acompanhados de Donzílio, se apresentam na Feira do Guará, e no domingo, dia 28, na Feira do Produtor de Vicente Pires, às 10h.

Nascido em 05/08/1933 no sítio Gameleira, então pertencente a São José do Egito, hoje município de Itapetim, Pernambuco, Donzílio Luiz veio a Brasília em 1960 para trabalhar na sua construção e, em 1969, trouxe a família e fixou residência na Capital, onde reside até hoje.

Poeta e repentista violeiro desde 1953, atualmente se dedica menos ao Repente e mais à escrita de livros, livretos e composição de poemas. Sempre viveu escrevendo poemas e os engavetando, quando muito, datilografados em folhas soltas. Depois de aposentado, passou a se dedicar com exclusividade à vida de escritor e hoje já conta com mais de 20 livros e mais de 400 livretos de cordel publicados, além de participação em coletâneas.

Seu livro de maior sucesso é “Esse ou este, onde ou aonde, e agora?”, lançado em 2007 pela Conhecimento Editora LTDA, que em apenas um ano vendeu seis mil exemplares e está na segunda edição.

Donzílio aprendeu e desenvolveu sua arte bebendo na fonte, em sua cidade São José do Egito, um dos berços da poesia sertaneja nordestina. Lá conviveu com dezenas de poetas e plasmou em sua identidade o saber poético da Literatura de Cordel e do Repente.

É, sem dúvida, o mais ativo cordelista do DF em volume de publicações poéticas em livros, livretos, calendários e outros tipos de impressos. Os livros e livretos do mestre Donzílio são material base de oficinas de Poesia Nordestina e o poeta é frequentemente consultado por outros poetas do segmento como revisor ou “consertador” de estrofes.

Seu trabalho transcende as gerações, ao decorrer de oficinas de poesia para várias idades, e da disseminação de publicações literárias que enfatizam aspectos artísticos e culturais do sertão nordestino como “O Nordestinês” e “Verso e Rima”.

As quatro aulas-magnas, transmitidas em Lives no Youtube, serão ministradas por Donzílio Luiz, e outras pela poeta Lilia Diniz, por Joaquim Crispiniano Neto e Geraldo Amâncio. Ainda com horários e dias a serem definidos.

As dez apresentações dos repentistas e dupla, Chico de Assis, João Santana e Valdenor de Almeida, acompanhada de poeta declamador, ocorrerão em feiras de Taguatinga, Guará e Vicente Pires e em escolas públicas de Taguatinga. Já foram realizadas apresentações no Centro de Ensino Educacional 07, Escola Classe 11 e Feira da QNL, todas em Taguatinga.

Também em escolas públicas, o projeto vai promover cinco oficinas de Literatura de Cordel e outras duas, online, transmitidas em parceria com a Casa do Cantador via Facebook. Uma já ocorreu no CED 07 de Taguatinga.

Os 2 mil exemplares impressos de Literatura de Cordel, com verão também em áudio book, serão distribuídos gratuitamente aos alunos e nas feiras. Ao final, será produzido um minidocumentário, com duração de 5 minutos, apresentando as atividades e realizações do projeto.

A Literatura de Cordel, originária da região Nordeste, juntamente com o Repente e outras vertentes da poesia popular nordestina, está presente no Distrito Federal desde a construção da Capital, quando os candangos nordestinos trouxeram consigo sua hereditariedade cultural.

Ao se desenvolver as vertentes de atividades culturais, música, poesia e literatura, o projeto atende a distintos públicos levando a Literatura de Cordel como fator formador da identidade cultural do DF, perpassando por apresentações de repentistas, aulas/debates sobre a Literatura de Cordel e o contexto de seu registro como Patrimônio Imaterial Cultural Brasileiro, ocorrido em 17/09/2018.

Este projeto realça a poesia nordestina que permeia o universo da Literatura de Cordel como uma importante expressão componente do panorama cultural do DF, preservando suas raízes e ampliando para a população o acesso a esse bem cultural que não está em grande foco na mídia e no mercado convencional do entretenimento.