É fato que o café, além de um hábito cultural, também é uma paixão nacional e o uso do produto na coquetelaria tem possibilidade de expansão considerando a constante busca dos consumidores por novidades e a onda de crescimento dos cafés especiais.

O momento é bem vantajoso e propício para bartenders estudarem a complexidade do café e as possibilidades de desenvolvimento de drinks inovadores, por isso o BCB SP procurou especialistas do setor para entender melhor as oportunidades com este ingrediente.

De acordo com pesquisa realizada pelo banco holandês, Rabobank, divulgada no início deste ano, a receita levantada por meio da venda de cafés tradicionais e especiais deve crescer no país uma média de 34,20% entre 2019 e 2024, o que equivale a US$ 3,4 bilhões. Para a Embaixadora do BCB São Paulo, Carolina Oda, o desenvolvimento do mercado do café no Brasil deve ser observado por profissionais do setor de bebidas como uma vertente para negócios.

“A gente nunca teve tantas cafeterias, marcas e até mesmo baristas, e isso é muito positivo. O café é uma bebida que gera muitas possibilidades, você pode brincar com o método de extração, fermentação, com a torra, ou seja, há um mundo de sabores que podem ser explorados. Quando os bartenders se envolverem mais com o café, poderão oferecer para o público resultados incríveis com algo que já é tão nosso”, diz a Embaixadora do BCB São Paulo.

Assim como Carolina Oda, Kelly Stein, fundadora do COFFEA, o primeiro podcast sobre café do Brasil, e Sócia-proprietária da empresa COFFEA Trips, focada em turismo de experiência do grão, compartilha da mesma opinião. Segundo a jornalista, que escreve sobre café há mais de 10 anos para veículos nacionais e internacionais, os bartenders que se envolverem com o universo do café tem o desafio de estudo do ingrediente, mas, aprendendo como utilizá-lo da melhor maneira, têm grandes chances de crescimento profissional.

“Acredito que os bartenders que usarem o café como parte da assinatura, vão se destacar rapidamente e serão abraçados pelo mercado de cafés especiais, que está em alta. É provado que o café é muito mais complexo quimicamente do que um vinho, por exemplo, então por que não se dedicar a compreender este universo para criar drinks únicos? É uma oportunidade de negócios porque as pessoas estão sempre sedentas por novidades e é assertivo apostar em um ingrediente que mexe com o emocional coletivo do brasileiro”, afirma Kelly.

Apesar de drinks com café ainda não serem amplamente oferecidos por bares, de acordo com Carolina Oda, já existem bebidas que usam o ingrediente e que possuem um espaço no mercado brasileiro. “O Espresso Martini, é um drink que leva café e foi um dos mais consumidos recentemente. No setor da coquetelaria, é comum que surjam tendências quando as marcas impulsionam, como foi o caso da bebida chamada Carajillo, que mistura café com o Licor 43. Essa bebida bomba em vários lugares”, explica.

Os cuidados para preparar drinks com café são vários, devendo ser levadas em consideração questões como o método de extração e a moagem, sendo que cada detalhe impacta no resultado final. Segundo Kelly Stein, os desafios sensoriais do ingrediente exigem cuidado e uma troca maior de informação entre profissionais do café e os de bares.

“Infelizmente, ainda falta uma comunicação entre estes dois universos. O café em bebidas exige estudos, experimentos, técnicas e uma relação mais intensa entre estes profissionais traria ideias inéditas. Os drinks com café só vão conquistar os brasileiros quando forem apresentados para eles. Com dedicação dos profissionais, essa tendência pode se firmar e se fortalecer”, finaliza Kelly.