Com os versos “Eu, Menos Meu Nome / Menos Meu Reino / Menos Meu Senso / Menos Meu Ego / Menos Meus Credos / Menos Meu Ermo”, a canção“Margem”, lançada nesta sexta-feira, dia 22 de março, Adriana Calcanhotto busca se esvaziar para uma renovação.
Adriana conta que o processo de produção da música não foi usual, mas que garantiu a intimidade do resultado. “’Margem’ é uma canção que levei algum tempo construindo. É do tipo de canção que projeto, imagino o que possa ser com o que quero dizer e depois levo algum tempo escrevendo. No estúdio, quando gravei a voz, depois de todo o arranjo gravado, foi que terminei a letra. Tinha algumas opções para determinadas palavras e na hora da gravação, ouvindo minha própria voz, é que ela foi finalizada”, compartilha a artista.
E continua, “não é comum pra mim esse tipo de procedimento, ao contrário, considero essa operação de ir pro estúdio com material não pronto muito arriscada, mas como tinha já bastante intimidade com as diversas possibilidades, fui gravando, ouvindo e fazendo as escolhas definitivas, sempre a parte mais árdua do trabalho de composição, fazer escolhas, o que significa deixar palavras (ou notas) de fora”, finaliza.
A levada da música, sua batida, foi pensada a dedo e marca cada frase com a leveza de sua voz. “Escolhi uma batida clássica de Bossa Nova, com o aro da bateria bem pronunciado, fiz um loop longo desse beat e fiquei anos compondo em cima somente da batida. Nunca peguei o violão ou pensei em qualquer harmonia prévia”, conta Adriana.
O clipe, dirigido por Murilo Alvesso, gera ainda mais força para a mensagem da música com simplicidade, apenas a artista enquadrada em formato de retrato enquanto raspa o cabelo. A iluminação, com sombras no rosto da cantora, traz sensações e emoção ao clipe. “’Margem’ é adeus e prazer em conhecer. No ato imperativo da renovação, Adriana encara o tempo e as rotas traçadas para seguir adiante. No começo do fim dessa viagem em três volumes a caminho do mar seu espelho somos nós. Diante de si, o que possui, sem querer posses, e o que pode, sem querer poderes. Vai-se o que precisa ir e a artista é folha em branco, outra vez”, diz Murilo.
A música faz parte do repertório do próximo disco da cantora, com previsão para o primeiro semestre deste ano, e é o segundo single já lançado, sucedendo “Ogunté”, divulgado no início de fevereiro. Em 2019 também foi lançado o álbum “Nada Ficou no Lugar”, projeto da XIRÊ produções com aval da artista, que traz a nova cena cantando a obra de Adriana Calcanhotto. Participaram nomes como Jaloo, Taís Alvarenga, Duda Beat, Letrux, Baco Exu do Blues, Alice Caymmi, Johnny Hooker e Preta Gil.