Eduardo Kobra, nascido no bairro de Campo Lindo periferia de São Paulo, é um dos expoentes mais importantes da arte de rua do país. Com murais gigantescos em 35 países do mundo, Kobra totaliza 3000 trabalhos em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Nova York, Tóquio, Moscou, Amsterdã, entre outras.

Sua inspiração veio inicialmente da observação ao trabalho do pai, que era estofador de móveis e o levava ainda garoto para acompanhá-lo nas visitas aos seus clientes nos bairros mais abastados. A padronização em xadrez colorido tão característica das suas pinturas lembra os tecidos utilizados no restauro, assim como a régua pantone. A medida que crescia absorveu traços da cultura hip hop e dos grafittis produzidos nos EUA de nomes hoje consagrados como Keith Haring e Basquiat e de muralistas como o mexicano Diego Rivera. Só em 2018, pintou 20 murais nos Estados Unidos, 18 deles em Nova York.

Alguns de seus trabalhos mais famosos são: “Etnias -Todos Somos Um”, no Rio de Janeiro, “Oscar Niemeyer”, em São Paulo; “The Times They Are A-Changin” (sobre Bob Dylan), em Minneapolis; “Let me be Myself” (sobre Anne Frank), em Amsterdã; “A Bailarina” (Maya Plisetskaia), em Moscou; “Fight For Street Art” Basquiat e Andy Warhol), em Nova York; e “David”, nas montanhas de Carrara.

Dois desses murais entraram no Guinness Word Record como o “maior mural do mundo”. Primeiro “Etnias -Todos Somos Um”, no Rio de Janeiro, com cerca de 3.000 m² quadrados e, depois, o “Mural do Chocolate”, localizado na rodovia Castelo Branco, em Itapevi, em São Paulo, com 5.742 m².

HISTÓRIA

Apesar da juventude conturbada e da relação difícil com os pais que não aceitavam sua escolha como artista. (Ainda adolescente teve que sair de casa e passou por muita dificuldade financeira, além de ao longo dos anos sofrer com problemas de depressão e insônia constantes). Kobra iniciou sua carreira com um convite para pintar no Playcenter e foi a partir dai que sua trajetória tomou rumo.

”Meu pai nunca foi um cara carinhoso que expressava sentimentos e afeto. Essa postura me afetou muito e sofri bastante, mas descobri no final de sua vida que ele era meu fã e guardava recortes de jornais de artigos e reportagens sobre mim. Isso me reconfortou”, declarou em depoimento.

Para a diretora Lina Chamie, Eduardo Kobra não é uma pessoa fácil, por isso não foi tarefa fácil fazer um filme sobre ele. ”Quando damos uma primeira olhada em seu trabalho, ele pode não parecer o artista mais intrigante. Por ser um tanto tímido, como ele mesmo diz, resiste a se revelar. Foi exatamente isso que exploramos como principal material para contar sua história e arte. KOBRA AUTO RETRATO propõe uma viagem na noite, na alma do artista, pois é na relutância em se expor que ele se revela do avesso. Demorou um pouco para ganharmos sua confiança e trabalhamos juntos o máximo que pudemos”.

O filme é um retrato do artista como imagens de documentário e ficção, entre realidade e sonho. Ao mesmo tempo, pode-se dizer, é um filme que pede que propõe ao telespectador a contemplação de questões urgentes expressas em cada olhar, em cada rosto . O meio ambiente, a Floresta Amazônica, o racismo, os maus-tratos aos animais, o extermínio da população indígena e a indústria e a política das armas.

Kobra é autor de projetos como “Muro das Memórias”, em que busca transformar a paisagem urbana através da arte e resgatar a memória da cidade; Greenpincel, onde mostra (ou denuncia) imagens fortes de matança de animais e destruição da natureza; e “Olhares da Paz”, onde pinta figuras icônicas que se destacaram na temática da paz e na produção artística, como Nelson Mandela, Anne Frank, Madre Teresa de Calcutá, Dalai Lama, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, John Lennon, Malala Yousafzai, Maya Plisetskaya, Salvador Dali e Frida Kahlo. Em meio ao caos urbano, buscou resgatar o patrimônio histórico que se perdeu. Em um contexto repleto de desigualdade social e injustiças, buscou se inspirar em personagens e cenas que servem de exemplo para um mundo melhor.

KOBRA AUTO RETRATO

Brasil | 2022 | 84 minutos | colorido | documentário

Roteiro e Direção _ Lina Chamie

Produzido por _ Lina Chamie e Vinícius Pardinho

Produção Executiva _ Vinícius Pardinho e Jefferson Pedace

Direção de Fotografia _ Lauro Escorel, ABC

Montagem _ Lina Chamie

Direção de Produção _ Jefferson Pedace

Som Direto _ Juliano Zoppi

Desenho de Som _ Lina Chamie

Edição de Som e Mixagem _ Pedro Noizyman

Trilha Sonora _ Claude Debussy, Racionais MC’s, Felix Barreira (a.k.a. Gordão), György Ligeti, Steve Reich, Gustav Mahler, O Grivo, César Franck, Bodes & Elefantes, Piotr I. Tchaikovsky, Iannis Xenakis, DJ Lean Rock, Demigodz

Produção _ Girafa Filmes

Produtora Associada _ Vixi Maria Produções Culturais

Coprodução _ Spcine

Distribuição _ Imovision