Mais longevo festival de cinema do país, ocorre de 12 a 20 de setembro com exibições da Mostra Competitiva Nacional, Mostra Brasília e quatro mostras paralelas no Cine Brasília, em Planaltina, Gama e Ceilândia

A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, em parceria com o Instituto Alvorada Brasil, anunciou, nesta quarta-feira, (20/08), a programação oficial do 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A mais tradicional e longeva mostra cinematográfica do país ocupará o Cine Brasília entre os dias 12 e 20 de setembro com programação extensa e diversa, além de levar exibições para Planaltina, Gama e Ceilândia. 

Esta edição marca também os 60 anos da primeira edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, realizado em 1965 sob a alcunha de Semana do Cinema Brasileiro. Para este novo ano, o festival terá formato ampliado, com nove dias de programação, que incluirá um longa-metragem a mais na seleção da Mostra Competitiva Nacional e outro na Mostra Brasília. 

Ao todo serão exibidos 80 filmes, distribuídos em seis mostras, sendo elas: as tradicionais Competitiva Nacional e Mostra Brasília, quatro mostras paralelas (Caleidoscópio, Festival dos Festivais, Coletivas Identidades, História(s) do Cinema Brasileiro), além do Festivalzinho e das sessões especiais. As exibições serão realizadas no Cine Brasília, no Complexo Cultural de Planaltina e nas unidades do Sesc no Gama e em Ceilândia. 

O secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec), Claudio Abrantes, ressaltou a relevância que o Festival de Brasília tem para o país, especialmente com a política de continuidade da gestão do evento. 

“A partir e uma inovação jurídica, conseguimos fazer um contrato mais extenso de três anos que nos dá uma possibilidade maior de planejamento e de captação. Como consequência, neste segundo ano da parceria, conseguimos devolver ao festival sua posição de protagonismo, junto a outros grandes festivais, como o de Gramado”, disse o secretário logo antes de anunciar o lançamento de um concurso de projetos para a criação do Anexo do Cine Brasília.

“O festival se soma e se beneficia com este planejamento a longo prazo que já traz muitos avanços de curadoria, visibilidade e operação”, complementa a diretora-geral do evento, Sara Rocha. “O festival cresce e amplia programação de filmes, Ambiente de Mercado, Conferência do Audiovisual e espalhar mais o festival pelo DF”.

Outra novidade do festival será a parceria com a TV Globo de Brasília, que lança a chamada pública de filmes para seleção de obras do cinema brasileiro para serem exibidas na grade da emissora, com cachê de seleção. A novidade foi anunciada por Sara, justamente com o gestor da emissora local, Marcelo Wener.

A repórter cultural da TV Globo Brasília, Luiza Garonce, também foi anunciada como mestra de cerimônias da edição de 60 anos do Festival de Brasília.

Seguindo a tradição do Festival, esta edição também conta com atividades extras como debates, seminários, oficinas, homenagens, solenidades de abertura e de premiação, Ambiente de Mercado e oficinas gratuitas. 

Com um total de 1.702 filmes inscritos, dos quais 1.396 curtas e 306 longas, o 58º Festival de Brasília apresenta sete longas-metragens e 12 curtas na Mostra Competitiva Nacional; cinco longas e 11 curtas do 27º Troféu Câmara Legislativa – Mostra Brasília, voltado para as produções do DF; e mais de 30 títulos nas mostras paralelas.

Sob a direção artística de Eduardo Valente, a 58ª edição do Festival de Brasília traz um olhar amplo e complexo sobre não apenas o cinema, mas também a sociedade brasileira em 2025. “Na Mostra Competitiva Nacional temos filmes de 14 estados diferentes da federação, cobrindo todas as cinco regiões do país. Essa amplitude de origens geográficas não foi um pressuposto curatorial, mas essa seleção reforça o objetivo do Festival de Brasília de servir de plataforma para olhares múltiplos e complementares.”

Valente ressalta que os filmes trafegam por tempos históricos bastante distintos. “As obras que serão apresentadas cruzam séculos da história brasileira, indo do nosso passado mais remoto a propostas de possíveis futuros, tentando encontrar os traços fundamentais da nossa formação enquanto nação, chamando a atenção para suas incompletudes, contradições e injustiças.”

Outro destaque desta edição é a equidade de gênero nas posições de direção dos filmes. Múltiplos filmes trazem perspectivas racializadas, por realizadores indígenas e negros de distintos gêneros, que ajudam a dar à seleção, nas telas e por trás das câmeras, uma multiplicidade necessária de pontos de vista.

Os selecionados para as mostras competitivas nacionais serão remunerados com cachê de seleção nos valores de R$ 30 mil para longas-metragens e R$ 10 mil para curtas. Os filmes em mostras paralelas e sessões hors concours também receberão cachê de seleção. 

A Mostra Brasília conta com um total de R$ 298.473,77 em prêmios concedidos pelos júris oficial e popular através do 27° Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). O valor teve um aumento de 24,36% em relação à premiação do ano passado, que era de R$ 240 mil. 

Claudinei Pirelli, o representante do Comitê Gestor do Troféu Câmara Legislativa, pontou tanto a ampliação do número de filmes selecionados como do valor de R$ 298 mil em prêmios para a Mostra Brasília.

“É uma forma que a gente tem buscado de, a cada ano, melhorar a atuação da Câmara para o setor do audiovisual. Certamente são filmes de qualidade, tanto do ponto de vista técnico como artístico”, ressaltou.

Na cerimônia de abertura, no dia 12 de setembro, será exibido o novo longa-metragem de Kleber Mendonça Filho, O Agente Secreto, protagonizado por Wagner Moura e premiado em duas categorias no Festival de Cannes, na França, e no Festival de Cine de Lima, no Peru.

O Festival de Brasília encerra com exibição do longa-metragem brasiliense A Natureza das Coisas Invisíveis, de Rafaela Camelo. Com trajetória internacional, o filme já passou por importantes eventos, como o Festival de Berlim, e acumulou prêmios, como o de Melhor Filme do Júri Infantil no 43º Festival Internacional de Cinema do Uruguai. 

Mostras Paralelas 

O 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro apresenta uma programação diversificada através de suas mostras paralelas. A Mostra Caleidoscópio exibe cinco longas-metragens que desafiam convenções de gênero cinematográfico, transitando entre ficção, não ficção, experimental e animação, com filmes oriundos de cinco estados brasileiros. Este ano a Mostra contará com a avaliação dos filmes por dois júris especiais: um deles formado pela Fipresci, entidade internacional de crítico de cinema que completa 100 anos de existência, e um júri jovem formado por estudantes de audiovisual da Universidade de Brasília (UnB), histórica parceira do Festival.

Mostra Festival dos Festivais, tradicional no evento, reúne cinco trabalhos de não-ficção premiados em importantes eventos em 2025, como a Mostra de Tiradentes, o Panorama Coisa de Cinema, o CachoeiraDoc, o In-Edit e o Olhar de Cinema, apresentando uma variedade de formatos, do autorretrato ao retrato biográfico. 

Inédita, a Mostra Coletivas Identidades apresenta três trabalhos urgentes que provocam discussões sobre questões sociais prementes, como conflitos territoriais e religiosos, no Brasil e no mundo. E a Mostra História(s) do Cinema Brasileiro traz um panorama do passado e do presente nosso cinema, com três longas que não apenas registram gerações decisivas de 

cineastas brasileiros, como buscam traçar novas propostas dessa história. Dentre os cinco realizadores que assinam estas três obras, dois já estiveram em destaque na competição do festival em anos anteriores (Julio Bressane e Henrique Dantas).

Para marcar o aniversário histórico de 60 anos do Festival no ano de 2025, serão exibidos dois longas da Semana do Cinema Brasileiro, evento que deu origem ao Festival de Brasília, em 1965: São Paulo S/A (em nova cópia 4K) e A Falecida, que premiou Fernanda Montenegro. Além disso, haverá uma sessão especial com três curtas de Kleber Mendonça Filho já exibidos em anos anteriores do festival.

Sessões Especiais

Fora das mostras, o Cine Brasília recebe sessões especiais que homenageiam personalidades e obras fundamentais. A programação inclui retratos de artistas como Cacá Diegues e Sérgio Mamberti, uma revisitação do trabalho da Caravana Farkas e o mais recente filme de Lúcia Murat, homenageada com o Prêmio Leila Diniz nesta edição. 

Será prestada uma homenagem especial ao crítico e cineasta Jean-Claude Bernardet, que deixou saudades neste ano, com a exibição de quatro de seus curtas-metragens realizados em parceria com o cineasta Fábio Rogério. 

Outra sessão especial celebrará o cinema brasiliense, com um curta que completa 25 anos de sua estreia no festival e o longa inédito da cineasta local Cibele Amaral, que reflete sobre o fazer cinematográfico e o futuro da sociedade. 

Também serão exibidos três filmes brasileiros clássicos que recentemente passaram por trabalhos de restauro, digitalização e novas cópias, entre eles Terceiro Milênio, de Jorge Bodanzky e Wolf Gauer. 

Os Homenageados 

O primeiro Troféu Candango será entregue nesta ocasião à grande homenageada do Festival de Brasília de 2025, que será agraciada com o prêmio pelo Conjunto da Obra, a veterana e premiada atriz Fernanda Montenegro. Em reconhecimento aos seus consolidada como um dos maiores ícones da dramaturgia brasileira. A atriz participou da primeira edição do Festival, ainda chamado de Semana do Cinema Brasileiro, e recebeu o primeiro prêmio de Melhor Atriz na ocasião com o filme A Falecida. Ao longo desses 60 anos de Festival, a atriz teve mais de 15 participações no festival, ressaltando sua atuação expressiva no Cinema Nacional. 

O Troféu Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo (ABCV) de 2025 será entregue para o premiado ator brasiliense Chico Sant’Anna, que tem mais de 40 anos de carreira dedicados ao teatro e ao cinema. 

O Prêmio Leila Diniz vai ser dedicado à cineasta Lúcia Murat como gesto de reconhecimento por sua trajetória no cinema brasileiro. Este prêmio foi implementado na 50ª edição do Festival, e surgiu para homenagear mulheres cuja prática e trabalhos marcaram a história do cinema brasileiro, na frente ou atrás das câmeras. 

A Medalha Paulo Emílio Salles Gomes será dedicada à pesquisadora acadêmica brasileira Ivana Bentes. Esta homenagem é concedida anualmente a figuras com trajetórias reconhecidas e consolidadas no âmbito de atividades que Paulo Emílio, criador do Festival, exerceu de forma marcante: a crítica, a preservação, o pensamento e o ensino de cinema.

Ambiente de Mercado 

Além de oficinas e exibições de mostras paralelas, o 58º Festival de Brasília confirma a realização da sétima edição do Ambiente de Mercado, voltado para pitchings e rodadas de negócios, com participação de players do setor do audiovisual nacional e internacional.

Também estará de volta a Conferência Nacional do Audiovisual, que foi um fórum importante retomado pelo festival no ano passado, no qual o público poderá participar de debates centrais para o desenvolvimento de políticas públicas para o audiovisual brasileiro.

Mostra Competitiva Nacional – LONGAS

Morte e Vida Madalena, de Guto Parente (CE) 

Xingu à Margem, de Wallace Nogueira e Arlete Juruna (BA) 

Quatro Meninas, de Karen Suzane (RJ) 

Corpo da Paz, de Torquato Joel (PB) 

Aqui Não Entra Luz, de Karol Maia (MG) 

Assalto à Brasileira, de José Eduardo Belmonte (SP) 

Futuro Futuro, de Davi Pretto (RS) 

Mostra Competitiva Nacional – CURTAS

Logos, de Britney (RS)

Safo, de Rosana Urbes (SP) 

Dança dos Vagalumes, de Maikon Nery (PR) 

Faísca, de Bárbara Matias Kariri (AC) 

Laudelina e a Felicidade Guerreira, de Milena Manfredini (RJ)

Boi de Salto, de Tássia Araújo (PI) 

Couraça, de Susan Kalik e Daniel Arcades (BA) 

A Pele do Ouro, de Marcela Ulhoa e Yare Perdomo (RR) 

Cantô Meu Alvará, de Marcelo Lin (MG) 

Ajude Os Menor, de Janderson Felipe e Lucas Litrento (AL)

Replika, de Piratá Waurá e Heloisa Passos (MT) 

Fogo Abismo, de Roni Sousa (DF) 

MOSTRA BRASÍLIA – LONGAS

Vozes e Vãos, de Edileuza Penha de Souza & Edymara Diniz

Mil Luas, de Carina Bini

Maré Viva Maré Morta, de Claudia Daibert

A Última Noite da Rádio, de Augusto Borges

Menino Quem Foi Seu Mestre?, de Rafael Ribeiro Gontijo e Sandra Bernardes

MOSTRA BRASÍLIA – CURTAS

Notas Sobre a Identidade, de Marisa Arraes

Dizer Algo Sobre Estar Aqui, de Vaga-mundo: poéticas nômades

O Bicho Que Eu Tinha Medo, de Jhonatan Luiz

A Brasiliense, de Gabmeta

O Fazedor de Mirantes, de Betânia Victor e Lucas Franzoni

Rainha, de Raul de Lima

Terra, de Leo Bello

Dois Turnos, de Pedro Leitão

Três, de Lila Foster

O Cheiro do Seu Cabelo, de Clara Maria Matos

Rocha: Substantivo Feminino, de Larissa Corino e Patrícia Meschick

MOSTRA CALEIDOSCÓPIO

Nosferatu, de Cristiano Burlan

Palco Cama, de Jura Capela

Atravessa Minha Carne, de Marcela Borela

Uma Baleia Pode Ser Dilacerada Como Uma Escola de Samba, de Marina Meliande, de Felipe M. Bragança

Nimuendajú, de Tania Anaya

MOSTRA FESTIVAL DOS FESTIVAIS

Cais, de Safira Moreira

A Mulher Sem Chão, de Auritha Tabajara e Débora McDowell

Vasta Natureza de Minha Mãe, de Aristótelis Tothi e Inez dos Santos

As Travessias de Letieres Leite, de Iris de Oliveira e Day Sena

MOSTRA COLETIVAS IDENTIDADES

Pau d’Arco, de Ana Aranha

Notas Sobre um Desterro, de Gustavo Castro

A Voz de Deus, de Miguel Antunes Ramos

MOSTRA HISTÓRIA(S) DO CINEMA BRASILEIRO

Relâmpagos de Críticas Murmúrios de Metafísicas, de Julio Bressane e Rodrigo Lima

Os Ruminantes, de Tarsila Araújo e Marcelo Mello

Anti-heróis do Udigrudi Baiano, de Henrique Dantas

SESSÕES ESPECIAIS

Sérgio Mamberti – Memórias do Brasil, de Evaldo Mocarzel

Para Vigo Me Voy, de Lírio Ferreira e Karen Harley

O Nordeste sob a Caravana Farkas, de Arthur Lins e André Moura Lopes

Hora do Recreio, de Lúcia Murat (Prêmio Leila Diniz) 

Ontem, Hoje e Amanhã e O Cego Estrangeiro, de Marcius Barbieri 

O Socorro Não Virá, de Cibele Amaral

60 ANOS DO FESTIVAL DE BRASÍLIA

São Paulo SA, de Luiz Sérgio Person

A Falecida, de Leon Hirszman 

Vinil Verde; Noite de Sexta Manhã de Sábado; e Recife Frio, de Kleber Mendonça Filho

CLÁSSICOS BRASILEIROS 

Terceiro Milênio, de Jorge Bodanzky e Wolf Gauer

A Lenda de Ubirajara, de André Luiz Oliveira

Viramundo, Geraldo Sarno; Nossa Escola de Samba, Manuel Horacio Giménez; Hermeto, Campeão, de Thomaz Farkas

HOMENAGEM A JEAN-CLAUDE BERNARDET

Mensagem de Sergipe

O Homem do Fluxo

Vim e Irei como uma Profecia 

Homenagem a Kiarostami 

FESTIVALZINHO

Quando A Gente Menina Cresce, de Neli Mombelli

Hacker Leonilia, de Gustavo Fontele Dourado

Notícias da Lua, de Sérgio Azevedo

A História de Ayana, de Cristiana Giustino e Luana Dias

Seu Vô e a Baleia, de Mariana Elisabetsky

Baú, de Matheus Seabra e Vinicius Romadel

SERVIÇO – 58º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO

Data: 12 a 20 de setembro de 2025

Locais: Cine Brasília (106/107 Sul), Complexo Cultural de Planaltina, Sescs Gama e Ceilândia

Mais informações: festcinebrasilia.com.br