Mais longevo festival de cinema do país, o 57º FBCB acontece de 30 de novembro a 7 de dezembro de 2024, com nove mostras em cartaz, além das exibições especiais de abertura e encerramento
Festival programa debates, oficinas, encontros setoriais, e as atividades do 6º Ambiente de Mercado e da 4ª Conferência do Audiovisual Brasileiro
Tudo isso no Cine Brasília, que contará com estrutura inédita e ampliada montada para o Festival, com três auditórios – sendo a principal batizada nesta quarta (6/11) como Sala de Cinema Vladimir Carvalho
Além dela, haverá uma segunda sala de cinema, uma sala multiuso, uma sala de reuniões e praça de alimentação
Mostra Competitiva Nacional tem seis longas e 12 curtas selecionados entre os 1180 inscritos; eles recebem cachês de seleção de R$ 30 mil para longas e R$ 10 mil para curtas; 26º Troféu Câmara Legislativa distribui R$ 240 mil em prêmios para os filmes concorrentes da Mostra Brasília
Na abertura do festival, atriz Zezé Motta será laureada com o Troféu Candango pelo conjunto de sua obra; edição também presta homenagens póstumas a Vladimir Carvalho e Mallú Moraes, grandes nomes do cinema brasileiro e candango
Planaltina, Taguatinga e Gama recebem exibições gratuitas da Mostra Competitiva Nacional, da Mostra Brasília e do Festivalzinho
Filmes de abertura, encerramento, Mostra Competitiva Nacional e Mostra Brasília serão exibidas com recursos de legendagem em closed caption e audiodescrição ao vivo
FILMES DE ABERTURA E ENCERRAMENTO
Os filmes são apresentados logo após as cerimônias de abertura e encerramento do festival, apresentadas pela atriz e influenciadora acreana Gleici Damasceno, nos dias 30 de novembro e 7 de dezembro de 2024. Homenagens a grandes personalidades das ciências e artes brasileiras se apresentam em formato documental, com duas estreias marcantes para as telas do país.
Na abertura, Marcelo Gomes (Cinema, Aspirinas e Urubus) faz a primeira exibição de seu novíssimo longa-metragem, Criaturas da Mente, filme que investiga o sonho como motor da revolução humana, acompanhando o trabalho e a vida do neurocientista e escritor brasileiro Sidarta Ribeiro.
No encerramento, Lírio Ferreira e Carolina Sá apresentam O Menino d’Olho d’Água, documentário sobre mestre do instrumental brasileiro, Hermeto Pascoal, filmado no sertão alagoano, lugar onde nasceu e de onde vem suas primeiras referências sonoras.
Ambos filmes são exibidos com os recursos de legendagem descritiva e audiodescrição ao vivo no Cine Brasília. O filme de abertura também será exibido nas RAs de descentralização do Festival de Brasília: sede da Cia Lábios da Lua (Gama), Complexo Cultural de Planaltina e Faculdade Estácio – Pistão Sul (Taguatinga)
MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL – LONGAS
A 57ª edição do Festival de Brasília traz Ruy Guerra de volta à competição de longas. O vetereano cineasta de origem moçambicana apresenta A Fúria, a aguardada conclusão de sua trilogia política iniciada com o clássico Os Fuzis (1964) – apresentado em Brasília em mostra retrospectiva de 1975 –, seguida por A Queda(1977) – participante da Mostra Competitiva de 1978. Em A Fúria, codirigido por Luciana Mazzotti, Guerra traz Ricardo Blat no papel antes interpretado pelo saudoso Nelson Xavier, vencedor do prêmio de Melhor Ator daquele ano.
Quem também volta após consagração em edição anterior do evento com filme novo é Sérgio Borges, diretor mineiro que levou o Candango de melhor longa em 2010 por O Céu Sobre os Ombros. Agora, ao lado da diretora Clarissa Campolina (de Girimunho e Canção ao Longe – exibido em 2022), ele divide a direção de Suçuarana, um drama sobre a retirante Dora em busca de trabalho e de uma terra antiga de sua mãe em uma região mineradora, até encontrar um vilarejo repleto de afeto e coletividade.
Também de Minas Gerais, integra a competição oficial de longas a produção indígena Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá, de Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna. Trata-se de um documentário protagonizado por uma das próprias diretoras do filme, Sueli, que é arte-educadora da Aldeia Escola Floresta de Teófilo Otoni (MG). O filme relata a sua busca pelo pai, Luis Kaiowá, de quem foi separada pela ditadura militar.
Um título inédito de Brasília se apresenta na seleção oficial da Mostra Competitiva Nacional. Longa-metragem de estreia do diretor brasiliense Guilherme Bacalhao, Pacto da Viola, traz grande elenco local para contar a história de um músico sertanejo que precisa ajudar o pai doente, um capitão de folia que tem uma dívida com os santos e demônios.

A diretora amazonense Christiane Garcia faz sua estreia em longa de ficção com Enquanto o Céu Não me Espera. Estrelado por Irandhir Santos, o filme narra a história de um agricultor que luta contra as dificuldades climáticas em um pequeno sítio afetado pelas cheias dos rios da Amazônia.
Já Salomé, de Pernambuco, é o segundo longa da carreira do diretor André Antônio, que se tornou uma referência do cinema queer brasileiro contemporâneo ao integrar o coletivo Surto & Deslumbramento. Aqui ele narra a história de uma jovem modelo que se apaixona por um rapaz envolvido em uma estranha seita, que cultua a sanguinária princesa bíblica Salomé.
A Comissão de Seleção de longas da Mostra Competitiva Nacional 2024 é composta por Janaína Oliveira, Leonardo Bomfim, Luís Fernando Moura e Rafaella Rezende. Eles tiveram o desafio de assistir e selecionar entre 227 longas, os seis em competição. O júri que premiará os longas em cartaz é formado por Affonso Uchôa, Carina Bini, Heitor Augusto, Mariana Nunes e Sandra Kogut.
O festival forma, ainda, o Júri do Prêmio Zózimo Bulbul, a conferir os troféus para os melhores filmes com temática afirmativa. O júri é montado a partir de indicações do Centro Afro Carioca de Cinema e da Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro – Apan, e em 2024 é composto por Aristótelis tothi, Vitor José Pereira e Larô Gonzaga.
MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL – CURTAS
Na seleção de curtas-metragens, o 57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro reforça sua vocação para trazer questões urgentes da sociedade contemporânea, sob as mais diversas perspectivas geográficas, de gênero e de raça, com obras representantes de todas as regiões brasileiras.
O cinema candango conseguiu o maior espaço dentre os curtas, com três filmes na disputa: Inflamável, do diretor estreante Rafael Ribeiro Gontijo; Descamar, dirigido pelo escritor, professor e curta-metragista premiado da produtora relatar-se, Nicolau; e o novo documentário da veterana cineasta e professora de cinema Dácia Ibiapina sobre o saudoso mestre quilombola Nêgo Bispo, Confluências.
De São Paulo, Javyju – Bom Dia, marca a estreia da cacica Kunha Rete, que divide a direção com Carlos Eduardo Magalhães (Palavra Cantada 3D), numa ficção científica futurista situada em uma aldeia Guarani. E, de Minas Gerais, Mãe de Ouro, de Maick Hannder, apresenta uma ficção sobre a superação do luto
Representantes do Rio de Janeiro, Yuri Costa traz sua perspectiva afrossurrealista para uma viagem às festas black dos anos 1970 no drama E Seu Corpo é Belo, enquanto a dupla Samuel Lobo e Rodrigo de Janeiro apresentam o documentário Dois Nilos, que celebra o cinema negro brasileiro, com um passeio pelas memórias do cineasta Afrânio Vital.
A região Norte está representada com a nova produção do realizador e professor Antonio Fargoni, que idealizou o movimento do Cinema Instantâneo, estilo presente neste curta de ficção de Rondônia, E Assim Aprendi a Voar.
O Sul concentra duas produções. Uma de Santa Catarina, Kabuki, única animação da competição, realizada em stop motion pelo premiado quadrinista e curta-metragista Tiago Minamisawa. E a outra do Rio Grande do Sul, Chibo. Digirido por Gabriela Poester e Henrique Lahude, o documentário investiga a travessia clandestina de mercadorias de uma família que mora na fronteira entre Brasil e Argentina.
Do Nordeste, o público poderá mergulhar nos curtas Maremoto, de Cristina Lima e Juliana Bezerra, do Rio Grande do Norte, e Mar de Dentro, de Lia Letícia, de Pernambuco. No curta potiguar, as diretoras contam a história de uma filha de pescador frustrada que assume o desafio de fazer um mergulho em alto-mar para resgatar um tesouro. Na produção pernambucana, a diretora e artista visual realiza uma performance poética permeada pela história política de Preto Sérgio, um ex-detento preso injustamente ainda menor de idade em Fernando de Noronha.
A Comissão de Seleção de Curtas elencou os 12 filmes a partir de 953 inscritos. Os trabalhos foram desenvolvidos por André Dib, Bruno Victor, Camila Macedo, Karen Black, Lorenna Montenegro e Sergio Silva. O júri da categoria é composto por Lila Foster, Mirella Façanha, Paola Malmann, Simone Zuccolotto e Thiago Costa
MOSTRA BRASÍLIA – 26º TROFÉU CÂMARA LEGISLATIVA

Na programação da Mostra Brasília – 26º Troféu Câmara Legislativa, a seleção 2024 dos concorrentes aos R$ 240 mil em prêmios reúne desde diretores estreantes do Distrito Federal a cineastas premiados. A seleção de longas-metragens da mostra reúne quatro filmes.
Veterano e premiado, com várias passagens pelo Festival de Brasília, o documentarista Renato Barbieri volta à Mostra Brasília com seu novo longa Tesouro Natterer. O filme aborda o naturalista austríaco Johann Natterer, membro da Expedição Austríaca que acompanhou a então Arquiduquesa Leopoldina em sua vinda ao Brasil, em 1817.
Outro nome muito conhecido do teatro e das artes no Distrito Federal, Adriano Guimarães (do Coletivo Irmãos Guimarães) faz uma incursão solo no universo cinematográfico com a produção Nada, um delicado drama sobre uma mulher que volta ao interior onde viveu na infância para acompanhar os últimos dias de vida de sua irmã.
Além desses, a seção de longas marca a estreia de curtas-metragistas premiados de Brasília neste formato. Fáuston Silva, que coleciona láureas por seu filme Meu Amigo Nietzsche, apresenta seu Manual do Herói, uma ficção sobre um rapaz que recebe um manual das mãos de uma heroína mascarada; e Cristiane Bernardes e Tiago de Aragão exibem pela primeira vez no Brasil o documentário A Câmara, que registra a atuação das mulheres do parlamento em meio ao cenário de polarização.
Dentre os curtas brasilienses inscritos, foram selecionados oito filmes. De documentários experimentais a animação infanto-juvenil e exercícios de linguagem nos mais variados gêneros da ficção, a Mostra Brasília tem aqui um mosaico da produção recente de realizadores da cidade. Do lado mais experimental, estão os documentários Caravana da Coragem, de Pedro B. Garcia; A Sua Imagem na Minha Caixa de Correio, de Silvino Mendonça; e a ficção Cemitério Verde, de Maurício Chades.
Clarice Cardell, muito conhecida por seu trabalho com teatro para bebês, estreia pela primeira vez na mostra com a animação Kwat e Jaí – Os Bebês Heróis do Xingu. O drama espiritual ONA, também marca a primeira incursão das egressas do Instituto Federal de Brasília (IFB) Clara Maria e M4vi Adroindie na mostra. Já Rafael Lobo volta à disputa neste ano com outro curta de horror, Xarpi, enquanto o ator João Campos apresenta seu segundo curta como diretor, Via Sacra; e os irmãos Diego e Danilo Borges também retornam à mostra com seu segundo trabalho, Manequim.
A Comissão de Seleção da Mostra Brasília é formada pela própria CLDF e em 2024 contou com os esforços de Ciro Marcondes, Glória Teixeira, Suellen Batista, Ulisses de Freitas e William Alves. O Júri que distribui os prêmios em dinheiro é composto por Antonio Grassi, Catarina Accioly e José Delvinei.
Serviço: 57º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO
Data: 30 de novembro a 7 de dezembro de 2024
Locais: Cine Brasília (106/107 Sul), Complexo Cultural de Planaltina, Taguatinga e Gama.
Ingressos da Mostra Competitiva Nacional a R$ 20,00 e R$ 10,00, à venda na bilheteria do Cine Brasília a partir de duas horas antes de cada sessão. Demais exibições com entrada franca.
Programação completa: festcinebrasilia.com.br.