Documentário de Sérgio Carvalho resgata a memória dos amigos Dorival Caymmi, Jorge Amado e Carybé, artistas consagrados que transformaram a cultura baiana que conhecemos hoje. Suas influências nas artes, música e literatura nos trouxeram uma vasta gama de personagens, referências e canções que fazem parte da nossa história.

É impossível observar o mar da Bahia e não ouvir a voz rouca de Caymmi em cada vaivem das ondas ritmados com o lançar das redes de pesca, no pôr do sol, no caminhar na areia, nas lembranças da morena que ficou pra trás.

O que seria da literatura brasileira sem Jorge Amado, com toda sua franqueza e avidez por experiências que transpassavam as linhas do papel e a caneta. Somos tantos Jubiabás, Tietas, Gabrielas, Quincas, Donas Flor e Capitães de Areia. Figuras emblemáticas nesse imenso Brasil.

O multiartista Carybé criou nas cores, traços, em movimento dos corpos, da rua, dos vadios e putas; dos abandonados, trabalhadores braçais, a vida real, o cotidiano.

CANDOMBLÉ

Em 1937 mãe Aninha construiu o corpo dos Obás que buscava em seus escolhidos uma dimensão cívica e política. Eram os protetores dos terreiros, os representantes para toda ancestralidade diaspórica em atos de resistência, preservação e resgate da cultura negra.

Xangô, justiça, estabilidade, os pés no chão! Fogo, luz própria, raio, Rei do trovão.

Nascia ali a tríade Obá Orolu, Obá Oxan Xokun e Obá Onikoy. Jorge Amado, Carybé e Dorival Caymmi, os filhos de Xangô em prol do combate à intolerância religiosa, violência, segregação racial e preconceitos. Artivistas em sua essência, ícones brasileiros, mantiveram a amizade como meninos, cheios de graça e fuleiragem dos êres.

Com eles aprendi que a amizade é o sal da vida e sem o amor é impossível viver”, Carybé

O filme transborda poesia em cada cena, um legado inconfundível em detalhes e curiosidades sobre as origens do candomblé e toda sua riqueza, poder e exuberância.

Destaco também a trilha sonora em uma seleção afetiva e cheia de significados. Canções que me levam de volta a um passado recente e que me mantém viva. Carrego comigo em cada arrepio e emoção, a certeza que a Bahia é o meu país!