A produção recente de um dos artistas mais interessantes de Brasília poderá ser apreciada na exposição ‘Urômelos, coelhinhos e quimeras: trabalhos recentes de Antônio Carlos Elias’, em cartaz no Museu Correios, de 22 de junho a 16 de setembro.

O público terá a chance de ver um conjunto de trabalhos realizados desde 2015 e que parece ser um novo ponto da trajetória do veterano Antônio Carlos Elias. O que poderia ser uma mostra retrospectiva, dado o tempo de atuação do artista, é o início de uma nova história que rompe com as amarras a um ciclo criativo pré-existente.

Fresca, jovial e estimulante, essa nova produção vai de encontro ao olhar do espectador sob a meticulosa e criativa curadoria de Renata Azambuja, pesquisadora, curadora independente, crítica de arte e arte-educadora, em diálogo com o trabalho de expografia do experiente Gladstone Menezes.

A nova produção de Elias é conseqüência de sua própria trajetória. Inicialmente, nos anos 1980, Elias se dedicou a trabalhos bidimensionais: pinturas e desenhos. Nos anos 1990 surgiram instalações que incorporavam objetos e esculturas tridimensionais ao meio ambiente.

Depois de 2010 a pintura retornou. Urômelos, coelhinhos e quimeras traz uma união da bidimensionalidade com a tridimensionalidade (esculturas e objetos) criando instalações através de um conceito que é criado para as instalações, iniciados e complementados por pinturas.

As obras serão apresentadas dentro do que a curadora chama de “nichos instalatórios”. O número de peças em cada um dos 10 nichos é variável. Às vezes são quatro telas, às vezes são oito ou somente duas. As esculturas também variam: podem ser de duas a oito peças. Há espaços, ainda, para os “brinquedos” ou peças industrializadas.

Segundo a curadora, tentar definir com exatidão a origem da sensação de estranhamento frente a essas instalações parece desnecessário, pois a incerteza sobre o que é visto mantém a energia vibrante das obras.

“Elas parecem formar um microcosmo fantástico. São como tableaux vivants, mas sem seres humanos representando alguma situação ou vinculados a alguma temporalidade. Neste microcosmo desprendido de alguma narrativa clara, as pinturas, coloridas e vibrantes, povoadas de imagens diversas, parecem lançar para fora do seu espaço bidimensional as esculturas brancas em gesso (material recorrente para Elias) que, tornadas matéria no campo do sensível, servem como lembrança de que a realidade está mais próxima do sobrenatural do que possamos imaginar”, explica.

A curiosa e instigante temática das novas obras de Elias, refletem a existência humana por meio da busca de uma identidade vivida por ele, seja em seu ofício paralelo como odontologista, seja no conjunto de influências advindas do mundo contemporâneo, pautado por tudo que o rodeia.

“A ciência está sempre presente, misturada a uma sexualidade, religiosidade e até ingenuidade apesar de ser intelectualizada, devido a minha formação acadêmica e vivência em diferentes culturas. Os trabalhos mais recentes são produtos de minha vivência, influenciado pela mídia escrita, televisada, internet, redes sociais, arte urbana, series de TV e até pelas minhas aulas na universidade”.

Serviço:
Urômelos, coelhinhos e quimeras: trabalhos recentes de Antônio Carlos Elias
De 22//06 a 16//09
Local: Museu Correios – Setor Comercial Sul Q. 4 Bloco A Edifício Apollo
Horários: de terça a sexta, das 10h às 19h. Sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h
Entrada franca