A madrugada dessa quarta-feira, 26, foi marcada por desrespeito contra a sambista brasiliense Fernanda Jacob em supermercado da cidade.  A artista que reside na 413 sul, foi surpreendida por intensas agressões racistas no supermercado Big Box da quadra 412/413, em Brasília. A perseguição dos seguranças, nada discretos dentro do local de compras foi humilhante, segundo Jacob, que tentava simplesmente comprar alguns produtos.
O despreparo dos profissionais na maioria dos espaços que se propõem em abrir na madrugada é nítido.

Abaixo um relato sobre o que a artista passou no estabelecimento.

“Precisei ir ao supermercado de madrugada. Até aí, tudo certo.
Entrei no estacionamento externo e ao abrir a porta do carro um casal se assustou com a minha presença. Observei a moça segurando o braço do marido com toda a força e literalmente correndo de mim. Entrei no supermercado, peguei uma cestinha e fui comprar o que precisava. Notei uma diferença gritante com relação aos seguranças de supermercado durante o dia e na madrugada. O segurança não precisava fingir que estava comprando, eram poucas pessoas e ele simplesmente poderia me observar de perto, de seção em sessão…e ele estava! Me lembrei muito de minhas tias e avó, que diziam que preto não poderia nunca sair de casa sem tá arrumado da cabeça aos pés. Elas tinham a teoria de que preto já é tratado mal “normalmente”, imagina todo desarrumado? Na real, eu fiquei chocada com o que estava acontecendo e queria justificar toda a situação com algo ilusório, mas tendo a noção de que estava sofrendo a porra do racismo. Eu andava pelo supermercado e as poucas pessoas se assustavam e o segurança no pé. Peguei dois produtos e fui para o caixa. Ao passar tudo, optei por levar os dois produtos na mão. Odeio sacola! O outro segurança observando uma mulher negra saindo com dois produtos na mão, já veio com todo o gás querendo verificar os produtos. Balancei a notinha de longe e ele parou pelo caminho com um sorriso amarelo e o sinal de ok.
A simples ação de ir ao supermercado, vira um show de horrores se você é preto. Digo mais, observei mulheres brancas me olhando com cara de nojo e sendo cumprimentadas com “boa noite”, enquanto eu era tratada como um lixo!
Algumas pessoas me falam que acha bonitinho eu ser afirmada, militante, como se tivessem dando biscoito pra cachorro. Só que essas pessoas não sabem que ser uma negra afirmada no Brasil é questão de sobrevivência! É pra não morrer ou ficar louca. ”  Fernanda Jacob