Zé Celso foi um dos homenageados da cerimônia (crédito Edson Lopes Jr)

Uma noite de encontro e de festa dos profissionais que resistiram fazendo arte em 2019, mesmo diante das adversas situações. Assim foi a noite da última quarta, 18/12, em SP, mas precisamente no Theatro Municipal de São Paulo com a primeira edição do Prêmio Arcanjo de Cultura, uma premiação e idealização do jornalista, crítico de artes e colunista Miguel Arcanjo Prado.

Na cerimônia repleta de diversidade e representatividade foram conhecidos 6 vencedores entre 12 indicados em cada uma das cinco áreasArtes VisuaisCinemaMúsicaStreaming TV Teatro, além de 12 homenageados com o Prêmio Especial. Cada ganhador recebeu o Troféu Arcanjo, criado pela artista plástica Telumi Hellen, em forma de asa-chama que renasce do fogo tal qual uma Fênix, simbolizando a cultura nos tempos atuais.

Cinco especialistas representantes de cada categoria integram o júri do Prêmio Arcanjo de Cultura, presidido por Miguel Arcanjo (Teatro) e com Adriana de Barros (Música)Bob Sousa (Artes Visuais)Elba Kriss (Streaming TV) Hubert Alquéres (Cinema). Todos, em seus respectivos discursos, lembraram a forte produção cultural em um ano difícil, prova da resistência e do talento de nossos artistas.

Zé Celso foi uma das grandes estrelas da noite, regendo os artistas do Teat(r)o Oficina e o público presente no Municipal cantando em uníssono a música “Roda Viva”, de Chico Buarque, um dos grandes momentos da noite. Sergio Mamberti bradou “viva a democracia e a liberdade de expressão” e lembrou que Fernanda Montenegro, a quem ele representou, se tornou o grande nome desta luta, sendo fortemente aplaudido. Outra homenageada, a atriz Teca Pereira lembrou da importância de sua teimosia em resistir fazendo arte, sendo mulher e negra. “Espero que o racismo continue a ser crime neste país”, discursou no palco, emocionada, sendo ovacionada.

Confira os vencedores da primeira edição do prêmio que contou com a presença de Sérgio Sá Leitão, secretário de cultura do Estado de São Paulo, Alê Yousseff, secretário de cultura da Prefeitura de São Paulo, Eduardo Saron, diretor executivo do Itaú Cultural, Danilo Santos Miranda, diretor do Sesc, e ainda as apresentações e participações de Ana Cañas, Linn da Quebrada, Divina Núbia, Alysson Salvador, Bia Nogueira, Juan Tellategui, Leona Cavalli, Jé Oliveira, Glamour Garcia, Celso Zucatelli, Leona Jhovs, Nany People, Thiago Mendonça, Teat(r)o Oficina, Acadêmicos do Baixo Augusta, Márcia Dailyn e Raphael Garcia.

ARTES VISUAIS

Galeria Transarte Pelo estímulo de Maria Bonomi e Lena Peres à diversidade nas artes.

Quebrada: São Paulo, na Visão dos Cria, no Instituto Moreira Salles Paulista: Pela iniciativa de Marcelo Rocha de utilizar a fotografia para construir futuros.

Regina Boni: Pela retomada da Galeria São Paulo Flutuante.

Ruy Ohtake – O Design da Forma, no Instituto Tomie Ohtake: Pela trajetória que valoriza o design nacional.

Sérgio Sá Leitão: Pela criação do MIS Experience, primeiro espaço de exposição imersiva da América Latina.

Sesc São Paulo – Artes Visuais: Pela extensa e constante programação de Artes Visuais em suas unidades.

CINEMA

A Vida Invisível: Pelo cinema delicado e sofisticado que representa o Brasil na corrida pelo Oscar.

Bacurau: Por expor mazelas, contradições e desigualdades do Brasil de sempre, conquistando o grande público.

Espaço Itaú de Cinema: Pela excelência na curadoria de programação.

Festival Mix Brasil: Pelo incentivo à diversidade no cinema.

Linn da Quebrada: Por suas mensagens potentes e necessárias nas telas e nos palcos.

Mostra Internacional de Cinema em São Paulo: Por ser janela entre o cinema do Brasil e do mundo.

MÚSICA

Ana Cañas: Pela coragem do posicionamento sociopolítico durante a turnê do disco Todxs.

Black Alien: Pela reinvenção como artista e rimador no disco Abaixo de Zero: Hello Hell.

Larissa Luz: Por condensar em seu disco Trovão a força da nova música baiana.

Natura Musical: Por fomentar a qualidade artística na nova música brasileira.

Virada Cultural: Por democratizar o acesso aos principais artistas de nossa música.

Zeca Baleiro: Pela criatividade no álbum em dois volumes O Amor no Caos.

STREAMING TV

Coisa Mais Linda: Pela sofisticação na abordagem da temática feminina e feminista na série da Netflix.

Cultura Livre: Por abrir espaço na TV Cultura – e TV aberta – para novos talentos da música brasileira.

Glamour Garcia: Pela competente defesa de sua personagem na novela A Dona do Pedaço, na Globo.

Maria Júlia Coutinho: Pelo trabalho de excelência que a levou a ancorar o Jornal Hoje, na Globo.

Nany People: Pela trajetória que culminou com destaque na novela O Sétimo Guardião e no reality PopStar, na Globo.

Persona em Foco: Pela valorização na TV Cultura da memória dos grandes nomes que criam nossos palcos e telas.

TEATRO

Eduardo Chagas: Pela potente trajetória nos palcos do Brasil e do mundo com a Cia. de Teatro Os Satyros.

Gota D’Água {Preta}: Por ressignificar o clássico de Chico Buarque e Paulo Pontes com corpos negros sob direção de Jé Oliveira.

Madame Satã: Pela valorização de um ícone negro e ousadia na produção independente do Grupo dos Dez.

Prot(agô)nistas: Pela união das artes circenses a outras formas de expressão artística, com protagonismo negro, abrindo o projeto Novos Modernistas.

Teat(r)o Oficina: Pela atualidade e ousadia propostas por Zé Celso e seus artistas na releitura do clássico Roda Viva, de Chico Buarque, meio século depois.

Terça Insana: Pela valorização do humor inteligente há 18 anos, com constante revelação de novos talentos e em diálogo com o contemporâneo.

HOMENAGEADOS

ESPECIAL

Fernanda Montenegro: Pelos 90 anos de vida, sendo exemplo incontestável de brilhante trajetória para as artes no Brasil.

Acadêmicos do Baixo Augusta: Pelos dez anos do bloco, referência na retomada do Carnaval de rua de São Paulo.

Adaap (Associação dos Artistas Amigos da Praça): Pelo desenvolvimento pedagógico inovador e inclusivo da SP Escola de Teatro e da MT Escola de Teatro.

 Cia. de Teatro Os Satyros: Pelos 30 anos de uma das mais emblemáticas companhias de teatro do Brasil, sempre em diálogo com a efervescência da vida ao seu redor.

Danilo Santos de Miranda: Pela realização das mais diversas formas de manifestações artísticas no Sesc São Paulo.

Eduardo Saron: Por incentivar projetos culturais com diversidade e representatividade no Itaú Cultural.

Festival de Teatro de Curitiba: Por ser há quase três décadas ponto de referência do teatro no Brasil e na América Latina.

Hugo Possolo: Pela direção artística do Theatro Municipal de São Paulo, abrindo suas portas para real representatividade da metrópole.

Marília Gabriela: Pela permanente dedicação à cultura, que a levou da TV a uma potente trajetória no teatro.

Rubens Ewald Filho (in memoriam): Pela excelência do pensamento crítico, com apoio irrestrito ao cinema brasileiro e à nossa cultura.

Sergio Mamberti: Pelos 80 anos de vida, com histórica contribuição às artes e à cultura brasileira.

Teca Pereira: Pelo talento demonstrado em diversas vertentes artísticas com pioneirismo na representatividade da mulher negra nas artes.

Por Leandro Lel Lima, repórter de SP.