Danielle Winitis e Christine Fernandes interpretam Marilyn Monroe e Maria Callas (Divulgação)

A comemoração do 45º aniversário de John Kennedy,  19/05/62, ficou marcada na vida de duas grandes divas: Marilyn Monroe, que cantou um “Happy Birthday” tão sexy quanto histórico, e Maria Callas, ovacionada minutos antes, ao cantar “Habanera” da ópera “Carmen”. Nessa histórica noite, Callas e Monroe se encontraram nos bastidores do Madison Square Garden, NY. Essa conversa é o ponto de partida de “Parabéns senhor presidente”, texto de Fernando Duarte e Rita Elmôr, com direção de Fernando Philbert, com Danielle Winitis e Christine Fernandes em cartaz até 01/03 no Teatro J. Safra em SP.

O espetáculo transporta a plateia para o ano de 1962. A loira fez a versão de “Parabéns pra Você” entrar para a história ao cantar para Kennedy, chocando a sociedade da época. Antes de subir ao palco, com seu vestido de sereia rosa chá e fazer a performance que entrou para a mitologia dos anos 1960, grandes artistas se apresentaram, entre eles, Maria Callas, a atração mais aplaudida da noite, que anos mais tarde acaba anunciado o fim de seu romance com Aristóteles Onassis por conta da aproximação com a família Kennedy.

Duas divas, alegrias e tristezas 

O texto expõe as distâncias e as proximidades entre as duas, ressaltando a beleza do universo feminino em sua complexidade.  Em cena, dois dos maiores mitos da feminilidade do século XX: Marilyn Monroe, a mais absoluta encarnação da carência afetiva, e Maria Callas, uma voz de diamante em forma de mulher. Apesar das diferenças  entre elas, perceptíveis de imediato, a mesma prisão sombria as aproxima, a dificuldade de se afirmar com autonomia em um mundo controlado pelos homens e a impossibilidade de encarar a vida sem afeto.

As duas estão no topo, mas os motivos e os meios através dos quais elas chegaram lá foram diferentes. Dividindo o mesmo espaço por uma hora, as duas mulheres mais famosas do mundo, conversam sobre o universo particular de cada uma,  sem imaginar que Marilyn, iria falecer dois meses depois.

Ambas falam de suas inquietações com seus relacionamentos, suas aparências e suas competências para exercer suas profissões, entre outras coisas. São duas pessoas fascinantes, que, por motivos diferentes, tiveram grande projeção e fins trágicos. A grande questão é como duas pessoas de universos tão distintos se relacionariam e o olhar diferente que tinham sobre uma série de situações.

Callas era extremamente técnica e rigorosa, enquanto Marilyn era intuitiva e até um pouco irresponsável, graças a sua instabilidade emocional. Ao mesmo tempo, Callas, antes de Onassis, foi casada com um homem muito mais velho e não teve vida sexual até os 32 anos. Já Marilyn casou sempre por paixão e traiu todos os maridos, não ficando um dia sequer ao lado deles sem estar feliz. Mais do que falar de Callas e Monroe, o texto aborda temas relevantes sobre o universo feminino. Em cena, as duas mulheres – independentes e bem-sucedidas – o que era raro nos anos 1960, falam com franqueza sobre assuntos ainda em pauta nos dias de hoje.

Elas que lutem! 

O espetáculo explora, graças ao duelo verbal entre as duas, o drama feminino dos tempos recentes, a divisão entre afeto e realização, o conflito diante do papel a desempenhar em um mundo ainda regido pelos homens. A partir da diferença inicial entre os dois perfis – a intelectual e a sensual – o espetáculo desnuda, com humor, ironia e deliciosas sutilezas de raciocínio, o drama único que envolve muitas mulheres em nosso tempo. Mais do que falar de Callas ou de Marilyn, ela fala de nós, hoje. Ela funciona a favor de uma defesa da humanidade cotidiana, aquela que, em geral, atribuímos às mulheres, afinal um valor a cultivar. Não fala, portanto, apenas de figuras célebres: este drama está na esquina dos dias de todos os que enfrentam a luta da vida.

Serviço:

“Parabéns senhor presidente”

Autoria: Fernando Duarte. Direção Geral: Fernando Philbert Elenco: Christine Fernandes e Danielle Winits

Sexta 21h30, sábado, 21h, domingo 20h. Duração do Espetáculo: 70 minutos. Classificação Indicativa: 12 anos. Ingressos entre R$30,00 e R$80,00.

Teatro J. Safra: Rua Josef Kryss, 318. Barra Funda – São Paulo – SP. CEP 01140-050