Por Paula Pratini

Apesar da grande expectativa em torno de Blackkklansman de Spike Lee e Black Panther, o grande vencedor da noite do Oscar foi ‘Green Book – O Guia’, dirigido por Peter Farrelly.

Ganhador das estatuetas de Melhor Filme, Melhor Roteiro Original escrito por Brian Currie, Nick Vallelonga e Peter Farrelly); e Melhor Ator Coadjuvante para Mahershala Ali, o longa metragem é baseado na surpreendente da história de amizade entre um pianista famoso (Don Shirley) e seu motorista (Tony Lip).

Nos papeis principais, Mahershala Ali e Viggo Mortensen em uma jornada de auto conhecimento e empatia na América racista dos anos 60.

“O ‘Green Book’ foi realmente um guia adotado nos EUA para os viajantes negros e cheio de diretrizes para frequentar os estabelecimentos, bares e hoteis que eram considerados ‘seguros’ para os mesmos naquela época”, destacou Viggo Mortensen no tapete vermelho na noite de ontem.

Tony Lip (Viggo Mortensen) é um segurança branco, ítalo-americano que não tem muito tato no tratamento com as pessoas e pouco conhecimento e educação; já Don Shirley (Mahershala Ali) é um talentoso pianista de jazz, elegante, um negro culto, que frequentou as melhores escolas.

Os dois partem rumo ao Sul, na região deep south do país para uma turnê do músico, que durará dois meses e as diferenças entre eles é gritante.

Fugindo dos clichês de filmes sobre o racismo, a inversão de padrões chama a atenção. Aqui o branco é quem não tem oportunidades, trabalha em subempregos, nunca frequentou uma faculdade e vai aprender as ‘boas maneiras’ com o negro.

Os dois se veem em diversas situações onde o racismo prevalece e mesmo assim deixam de lado suas diferenças e enfrentam juntos as opressões da sociedade.

Não se engane  ‘Green Book’  não é um filme carregado de pesar e amargura. Existem sim pitadas de humor e momentos descontraídos entre os personagens e a humanidade entre eles é o que os une.

Em um dos momentos marcantes do filme Don Shirley exclama: Não sou aceito pelos meus e nem aceito pelos brancos, quem sou afinal? Onde me encaixo nessa história?

A cena mostra a dura realidade vivida pelo indivíduo que sofre preconceito de ambos os lados, entre sua comunidade considerado um negro esnobe e para os brancos, a estrela da noite que não é aceita nas áreas destinadas à eles.

Mais uma vez o cinema vem mostrar a eterna luta contra o preconceito racial e a capacidade humana em superá-la dentro da sociedade que tanto nos oprime.

Green Book é um emocionante e sensível retrato de que a tolerância e o respeito podem sim prevalecer apesar da opressão imposta pela sociedade.