Elza Soares e Fabiana Cozza

Elza Soares e Fabiana Cozza

O Museu Nacional da República recebe extensa programação cultural  gratuita na 7ª Edição do Latinidades.

Consolidado como o maior festival de mulheres negras da América Latina o Latinidades, desde 2008, dá visibilidade ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha – 25 de julho –, fazendo convergir, num mesmo espaço e ao longo de seis dias, atividades culturais e formativas. Nesta 7ª Edição, músicos, poetas, estilista, oficineiros e atrizes oferecem extensa programação gratuita e aberta ao público dentro e fora do Museu da República. Nos primeiros dias do Festival, de 23 a 25, uma série de painéis debatem temas em prol da promoção da igualdade racial e enfrentamento ao racismo e sexismo.

A programação cultural do Latinidades tem início na tarde do dia 25 de julho, com o lançamento de seis livros de autores brasileiros e estrangeiros, a partir das 17h. Às 21h, um grande encontro entre Saraus reunirá poetisas e poetas de vários grupos afro-brasileiros e também de outros países. Estão confirmados os saraus Afro Mix / Quilombhoje (SP); Apafunk (RJ); Bem Black / Blackitude (BA); Cooperifa (SP); Kambinda (SP); Super Nova (DF); e Sopapo Poético (RS).

A estética e a arte negra tem seu espaço de destaque no dia 26. Das 11h às 21h, expositores de todo o Brasil participam da Freira Preta, um grande encontro para divulgação e venda de arte afro, guiada, desde 2009, pela visão de tornar o mercado afro um novo modelo econômico de desenvolvimento. Entre às 14h e às 19h, a poética da beleza negra entra em pauta com a realização de oficinas de penteado Black Power, das cariocas Sinara Rúbia e Ludmilla Almeida, e de Turbante, ministrada por Nina Silva e pela colombiana Marlene Tello. Ao final, Sinara Rúbia e Ludmilla Almeida dão um show com a oficina Vivências do Balé.

No início da noite, às 19h, a estilista Mônica Anjos presta sua homenagem aos 40 anos do Bloco Afro Ilê Aiyê, desfilando no palco do Latinidades sua coleção que traz a exuberância da combinação entre as cores vermelha, amarela, preta e branca, em reverência ao Ilê Aiyê, responsável pela afirmação da identidade e da elevação da autoestima do povo negro soteropolitano. Os modelos de Anjos expõem a estética na blackitude baiana em cabelos trançados ou com turbantes e tecidos estampados com caimento e ajuste perfeitos ao corpo.

Nas noites dos dias 26 e 27, o Festival ocupa a Praça do Complexo Cultural da República, numa área para mais de 15 mil pessoas, com a realização de grandes shows. A programação privilegia artistas engajados em formar plateia para a música preta, sem distinção de vertente, porém, que prezam pela qualidade e por estilos marcantes. Músicos, interpretes e compositores vindos dos Estados Unidos, Ilha de Guadalupe, São Paulo, Rio de Janeiro, Haiti, Pernambuco e, claro, de Brasília.

Entre os convidados para brindar a plateia com shows solo, subirão ao palco, no sábado, Elza Soares, Vox Sambou, Malika Tirolien, Lei di Dai e DJ Donna. No domingo, o Latinidades apresenta Mart’nália, Naná Vasconcelos, Bongar e Dona Martinha do Coco. Verdadeiras excelências da música nacional e internacional que irão mostrar, ao longo de 13 horas, a black music nas batidas e levadas do samba, jazz, soul, funk, bossa-nova, coco e muito mais.

Nas duas noites de shows, o Latinidades convidou artistas, que são destaque no Brasil e no mundo, em projetos e encontros que serão um verdadeiro presente aos que forem à Praça do Museu da República. No sábado, por volta da meia noite, uma fina homenagem ao Buena Vista Social Club com Ibrahin Ferrer Jr. e participação de Marina de La Riva. Na sequência, um elegante show de Jazz nas vozes femininas de Ellen Oléria, Marabeau Jazz, Indiana Nomma e Alissa Sanders. Na noite de domingo, Hamilton de Holanda e Diogo Nogueira apresentam o projeto Bossa Negra, com início às 20h, logo depois Cris Pereira, com participação de Fabiana Cozza, presta uma homenagem à escritora Maria Carolina de Jesus.

A cada edição do Latinidades, as atividades de formação, palestras, debates e mesas redondas, giram em torno de um tema central. O tema escolhido e que vai reger todas as atividades desta 7ª edição é “Griôs da Diáspora Negra”. 19 Debatedores e palestrantes convidados, de esferas Civis e Governamentais, vindos de vários Estados brasileiros e também do exterior, irão apresentar uma série de sete conferências e debates, para discutir e propor políticas públicas para a valorização de griôs* e a preservação da tradição oral, especificamente as transmitidas, de geração para geração, por mestras negras, que atuam nos diversos campos e linguagens.

*Griô é um abrasileiramento do termo Griot, que define o universo da tradição oral africana. É uma corruptela de “Creole”, ou seja, Crioulo – a língua geral dos negros na diáspora africana.

Este ano, entre 23 e 26 de julho, sempre com início às 10h da manhã, a 7ª Edição do Latinidades realiza ações de formação e fomento de políticas públicas, que incluem debates, conferências e oficinas, exibição de filme, lançamentos literários, Saraus e performance. As atividades reúnem num mesmo espaço, o Auditório Principal do Museu da República – com capacidade para 780 pessoas –, personalidades que são referência, no Brasil e no Mundo, e vozes ativistas no enfrentamento a desafios e em prol de políticas das mulheres negras.

Abrindo a programação do Festival, no dia 23 às 10h, quatro vozes da diáspora negra, Inaldete Pinheiro (PE), Nina Silva (RJ), Sulia Maribel Caicedo (Equador), e Shirley Campbell Barr (Costa Rica), lançam livros de suas autorias e conversam sobre literatura negra. No mesmo dia, às 15h, as atrizes Vera Lopes e Pâmela Amaro, com direção de Jessé Oliveira (RS), apresentam a performance Quadros. Fechando o dia, às 16h, as escritoras Ana Maria Gonçalves (BA), e Paulina Chiziane (Moçambique) apresentam a Conferência de Abertura – Diálogos Afro-Atlânticos.

O segundo dia tem programação extensa, começando com o painel “Sabedoria ancestral: memória, política e sustentabilidade”, às 10h, com a presença de representantes do Iphan e Fundação Palmares, Célia Maria Corsino (RJ), e Martha Rosa Queirós (PE), respectivamente, e também da educadora e escritora Heloísa Pires Lima. Às 14h acontece a oficina “História da Princesa Alafiá”, para o público infanto-juvenil. Uma Engenheira florestal, um turismólogo e uma atriz brasileiros e ainda a ativista equatoriana Inés Morales conversam sobre o racismo e meio ambiente no painel “Territórios Negros: fontes de sabedoria ancestral”, com início às 15h. Às 18h30, os presentes conferem à exibição do curta “O Dia de Jerusa”, de Viviane Ferreira.

Ainda no dia 24, acontece pela primeira vez no Brasil, a conferência da socióloga norte-americana Patricia Hill Collins. Autora de vários livros, a intelectual-ativista irá dialogar sobre os desafios da ação política das mulheres negras. Patricia vai discorrer sobre sociedades organizadas em sistemas de poder que articulam raça, gênero, sexualidade, classe, nacionalidade, argumentando que nesse cenário de desigualdades, as mulheres negras aparecem entre os mais vulnerabilizados.

Para o dia 25, o Latinidades reservou uma programação voltada para a saúde, religiosidade e cultura que se inicia às 9h30, com lavagem simbólica da área externa do Museu da República, convidando religiosos de matriz africana. Ainda pela manhã, a partir das 10h, acontece um painel com a sofisticada presença de uma psicóloga, uma benzedeira/ curandeira e um estudioso das religiões afro-brasileiras, pessoas com conhecimento ancestral que desempenham papel valioso na promoção da saúde no cotidiano, em especial em comunidades populares do país. À tarde haverá a conferência da senhora Jurema Werneck, médica e doutora em Comunicação e Cultura, também coordenadora da ONG Criola. Uma ativista carioca que instrumentaliza mulheres de todas as idades para o enfrentamento do racismo, sexismo e lesbofobia.

A Conferência Especial do dia estará na voz de luta contra o racismo no mundo de Angela Davis. Filósofa, escritora, professora e ativista negra, Angela Davis é uma das maiores referências dos Panteras Negras e das lutas contra o racismo. Está entre as ativistas políticas mais importantes dos Estados Unidos. Dona do black power mais famoso do mundo, estampado em camisas, músicas, bottons e corações que pulsam pela luta anti-racista, Angela segue ainda hoje sendo uma grande ativista e atua com veemência na luta contra a escravidão e o racismo no sistema prisional. Sem dúvida, um dos momentos mais esperados desta edição.

O 7º Latinidades se despede no dia 28, segunda-feira, com um grande almoço de confraternização e o plantio de Baobás, ainda em local a ser definido, com a orientação do turismólogo e especialista nesta espécie de árvore, Fernando Batista. Os pés de Baobás serão cuidados, regados e monitorados contra pragas pela produção do Festival ao longo dos seus quatro primeiros anos de vida. Depois, irão compor o paisagismo de Brasília, a Cidade Parque.

SERVIÇO:

Programação formativa

Local: Auditório principal do Museu Nacional da República.

Capacidade: 780 pessoas

Programação musical

Local: Área externa do Museu Nacional da República

Capacidade: 15 mil pessoas.

Todas as ações e atividades do Festival são gratuitas: para mais informações, acesse: http://afrolatinas.com.br/

23 de julho – Quarta-feira

9h30 – Abertura: Saudação à ancestralidade

10h – Letras e Vozes da Diáspora Negra

Inaldete Pinheiro (PE) – Literatura negra infanto-juvenil

Nina Silva (RJ) – Literatura feminina negra e erotismo

Shirley Campbell Barr (Costa Rica) – Literatura feminina negra em Costa Rica e na Diáspora

Sulia Maribel Caicedo (Equador) – literatura afro-equatoriana

Mediação: Raíssa Gomes

15h – Performance Quadros, em comemoração ao Centenário de Carolina Maria de Jesus

Atrizes: Vera Lopes e Pâmela Amaro, Direção: Jessé Oliveira (RS)

16h − Conferência de Abertura – Diálogos Afro-Atlânticos

Ana Maria Gonçalves (escritora, MG/BA) − À força e a fórceps: Mulher negra

Paulina Chiziane (escritora, Moçambique) – A identidade africana e as religiões mundiais

Mediação: Ana Flávia Magalhães Pinto.

24 de julho – quinta-feira

10h − Sabedoria ancestral: memória, política e sustentabilidade

Célia Maria Corsino (RJ/DF) – Diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial do IPHAN

Heloisa Pires Lima (RS/SP) – Educadora, escritora e editora

Martha Rosa Queirós (PE/DF) – Chefe de Gabinete da Fundação Cultural Palmares

Mediação: Dalila Negreiros

14h − Oficina infanto-juvenil História da Princesa Alafiá (Projeto Ton Ogbon)

Sinara Rúbia e Ludmilla Almeida (RJ)

15h − Territórios Negros: fontes de sabedoria ancestral

Ângela Gomes (MG) – Engenheira Florestal e ativista do MNU-MG

Débora Marçal (SP) − Capulanas − Cia de Arte Negra, de São Paulo

Fernando Batista (PE) – Turismólogo, especialista em Baobás

Inés Morales (Equador) – Movimiento de Mujeres Negras de la Frontera de Esmeraldas (MOMUNE)

Mediação: Paula Balduino

18h30 − Exibição do curta-metragem O Dia de Jerusa, de Viviane Ferreira (BA/SP)

19h – Conferência – Nós que acreditamos na liberdade não podemos descansar: lições do feminismo negro

Patrícia Hill Collins

Mediação: Ana Cláudia Pereira

25 de julho – sexta-feira

9h30 – Benção das águas – Lavagem simbólica com religiosas/os de matriz africana

10h − Griôs da Saúde Integral

Adriana de Holanda – Psicóloga, Rede Independente Educação Griô, Grupo Semente de Jurema

Iradilva Miranda Dantas (PA) − benzedeira/curandeira e membro da Malungu − Coordenação Estadual das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombo do Pará

José Marmo da Silva(RJ) − coordenador da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro)

Mediação: Sabrina Faria

14h30 – Conferência − Legados das Ialodês: samba e resistência feminina negra

Jurema Werneck

Mediação: Christen Smith

16h30 – Panfletaço “Marcha Nacional das Mulheres Negras 2015”

17h − Lançamento de livros

Coletânea Poética, obra coletiva da Ogum’s Toques Negros

InCorPoros − nuances de libido, de Nina Silva e Akins Kintê

Pretextos de Mulheres Negras, obra coletiva organizada por Elizandra Souza e Carmen Faustino

Revista Afirmativa, um projeto dos Estudantes de Jornalismo da UFRB

Só por hoje vou deixar o meu cabelo em paz, de Cristiane Sobral

Versos de la Diaspora/Verses from the Diaspora, de Tony Polanco-Bethancourt (Panamá/EUA)

19h – Conferência − Feminismo negro e lutas mundiais por equidade

Angela Davis

Mediação: Chaia Dechen

21h − Encontro de Saraus Negros no Festival Latinidades

Apresentação: Cristiane Sobral (DF)

Sarau Afro Mix / Quilombhoje (SP)

Sarau Apafunk (RJ)

Sarau Bem Black / Blackitude (BA)

Sarau da Cooperifa (SP)

Sarau da Kambinda (SP)

Sarau Super Nova (DF)

Sarauê (DF)

Sopapo Poético (RS)

Participação de poetisas e poetas da Diáspora Africana

26 de julho – sábado

11h-21h − Feira Preta Latinidades

14h – Oficina Vivências do Balé, com Sinara Rúbia e Ludmilla Almeida (RJ)

16h − Oficina do Coletivo Meninas Black Power (estética e beleza negras), com Élida Aquino e Fabíola Oliveira (RJ)

17h30 – Oficina Turbantes e poéticas da beleza negra, com Nina Silva (RJ) e Marlene Tello (Colômbia)

19h − Desfile: Coleção Mônica Anjos em Homenagem aos 40 anos dos Blocos Afros

19h30- 2h – Show musicais

Lei di Dai (SP)

Dj Donna (DF)

Malika Tirolien (Guadalupe)

Elza Soares (RJ)

Voz Sambou (Haiti)

Homenagem ao Buena Vista Social Club com Ibrahin Ferrer Jr part. Marina de La Riva

Divas do Jazz (Ellen Oléria, Marabeau Jazz, Indiana Nomma e Alisa Sanders)

27 de julho – domingo

11h-21h − Feira Preta Latinidades

16h Roda de Capoeira Angola com Mestra Janja e Contramestra Cristina

18h-0h – Show musicais

Dona Martinha do Coco (DF)

Bongar (PE)

Bossa Negra – Hamilton de Holanda + Diogo Nogueira (DF/RJ)

Cris Pereira com participação de Fabiana Cozza em Canções para Carolina (homenagem à escritora Carolina Maria de Jesus)

Naná Vasconcellos (PE)

Martnália (RJ)

28 de julho – segunda-feira

Das 10h às 17h

Roda de Conversa, Almoço coletivo e plantio de mudas de Baobás, com Fernando Batista (PE).