Desde 1991, O Festival Biarritz é um ponto de encontro e intercâmbio entre a Europa e a América Latina e a cada ano três categorias entram em competição nos formatos Ficção, Documentários e Curta-metragens, com as melhores criações cinematográficas contemporâneas.
A programação do festival que começa no dia 30 de setembro e vai até 6 de outubro, contará com a presença de filmes brasileiros e homenagem ao diretor Júlio Bressane que estará presente juntamente com a atriz Alessandra Negrini, além de Karim Ainouz entre outros.

Nesta edição foram selecionados para a Mostra Competitiva:

LONGA-METRAGEM FICÇÃO

A Febre, de Maya Da-Rin (98′) Brasil / França / Alemanha
Manaus, cidade industrial no centro da floresta amazônica. Justino, um nativo americano de 45 anos, é um agente de segurança no porto comercial. Sua filha se prepara para estudar medicina em Brasília e Justino confrontado com a solidão de sua humilde casa e convencido que está sendo perseguido por um animal selvagem, contrai uma febre
misteriosa.

 

A vida invisível de Eurídice Gusmão, de Karim Aïnouz (139′) Brasil / Alemanha
Rio de Janeiro, 1950. Euridice, 18 e Guida, 20, são duas irmãs inseparáveis. Eles moram com os pais e sonham com um
carreira pianista; e o outro, com muito amor. Por causa do pai, as duas irmãs devem construir suas vidas uma sem a outra. Separados, eles se encarregarão de seu destino, sem nunca desistir de encontrar novamente.

CURTA-METRAGEM

O Mistério da Carne, de Rafaela Cameloj (18′) Brasil
Abençoado é domingo, o dia para encontrar Giovana.

Fábrica do Planeta, de Julia Zakia (11′) Brasil
Após cem anos de produção de chapéus, umA fábrica para suas máquinas. Os corredores e salas estão vazias.
Eles aguardam sua demolição precoce, enquanto outro modo de vida, muito particular, assume o lugar.

DOCUMENTÁRIOS

Mirante, de Rodrigo John (78 ‘) Brasil
Os residentes de Porto Alegre tentam viver suas vidas enquanto o Brasil passa por uma virada histórica – o impeachment do presidente Dilma Rousseff. Das janelas de um apartamento no centro da cidade, o exterior e o interior se sobrepõem numa sinfonia fora de tempo.

HOMENAGEM A JÚLIO BRESSANE

Como é possível que Júlio Bressane continue sendo um grande estranho e seu trabalho (37 filmes) deixe apenas um longo purgatório? A rejeição deste imenso cineasta brasileiro para se voltar para a militância política que era rigorosa na época do cinema Novo o fez ficar em quarentena tanto pelo cinema e pela ditadura brasileiros quanto pelos críticos europeus. Sim Bressane atraiu unanimidade contra ele por tanto tempo, devido à sua independência, liberdade de tom e estilo e à sua maneira considerar a questão da identidade.

Longe de todo nacionalismo esquerdo ou direito, o cinema de Bressane alimenta-se de referências estrangeiras que se confrontam com a cultura brasileira. ‘Nietzsche’ em 2001, ‘Cleópatra’ em 2007 ou ‘São Jerónimo’ em 1999 passaram
pelo prisma do ‘Mantropto de Manwald’ de Oswald de Andrade.

Antropologia, a única questão filosófica brasileira aos olhos de Bressane, consiste, através de um ritual definido, de apreender as forças do que foi engolido. À luz desta preocupação e desta ritual, você tem que descobrir seu novo filme ‘Sedução da carne’ (2018), grande trabalho dialético que surpreende incessantemente seu espectador, agradavelmente confuso com tanta audácia visual e conceitual.

Em permanente diálogo com todas as musas da arte e de pensamento, seus filmes também dialogam entre si, alimentando-se e causando uma autotransformação que é também o do casal em ‘Beduino’ (2016), também apresentado na estreia francesa. Cada filme de Bressane atesta a necessidade de uma busca pela origem, para sempre recomeçar. A origem, segundo ele, é o Caos, onde tudo já está em tudo.

Sem mencionar ‘Educação sentimental’ (2013) é uma introdução ao cinema de Bressane, um cinema atravessado por desejo e conhecimento, teatralização e experimentação, beleza e horror, sexo e morte.
Por Nicolas Azalbe

 

 Serviço:
Festival Biarritz
De 30/09 a 6/10
Informações: www.festivaldebiarritz.com