A percepção de que é possível pensarmos outros mundos e outras realidades foi a mola propulsora da exposição Fragmentos de Utopias, o primeiro dos desdobramentos de um conjunto de atividades mais amplas idealizadas por Nick Elmoor e Patrícia El-moor, iniciadas em suas distintas experiências profissionais (na fotografia e na sociologia, respectivamente), e que nos últimos anos confluíram em direção a um projeto comum.
Nesta exposição, as imagens são pontes entre dois mundos, ambos carregados de significados, uma vez que se trata de monumentos e cidades outrora declarados patrimônios da humanidade pela Unesco e que trazem à tona discussões importantes sobre suas reais contribuições culturais, artísticas e históricas.
Córdoba, Sevilha e Granada, outrora chamadas de Qurṭuba, Ishbiliya e Gharnāṭah, foram testemunhas de um período conhecido como al-Andalus e que se estendeu por quase 8 séculos na Península Ibérica. Em seus tempos áureos, a civilização do al-Andalus tornou-se conhecida pelo intercâmbio cultural e religioso sem precedentes, que irradiou uma personalidade própria tanto para o Ocidente quanto para o Oriente.

Há séculos esta região carrega em si fragmentos de uma era utópica, exemplo de um esplendor onde diversas religiões, povos e culturas teriam convivido de forma próspera e inspiradora, ainda que reconheçamos as contradições intrínsecas a este período.
Utopia não muito diferente permeia a história de Brasília, cidade que em 1883 apareceu em sonho a Dom Bosco, fundador da Ordem dos Salesianos, que assim previu o nascimento de uma civilização rica e próspera entre os paralelos 15° e 20°, exatamente onde capital federal brasileira encontra-se situada. Dentre os pontos de contato que Brasília possui com uma parte significativa de grandes monumentos andaluzes declarados patrimônios da humanidade, estão os fragmentos utópicos que colocam a capital federal num patamar de perfeição, e que, mesmo diante de suas contradições, segue permeando o imaginário de quem nela vive e quem a ela visita.
São exatamente tais estilhaços de perfeição que a fazem aproximar-se da região sul da Espanha, que em outras épocas também experimentou fama semelhante, mesmo que no plano real não seja uma sociedade isenta de conflitos e incongruências.
Este movimento no tempo e no espaço conta ainda com um ilustre viajante – Max Simon – alemão que que recomeçou sua vida na Argentina fugindo do Nazismo, repórter fotográfico visitou Brasília algumas vezes, após sua inauguração e, posteriormente, apaixonado pela Andaluzia, a escolheu como seu lar, registrou imagens emocionantes de ambas as utopias, merecendo, assim, a lembrança de seu legado, através de fotografias inéditas.

A primeira etapa desse projeto que trata a fotografia como instrumento de aproximação de diferentes culturas e épocas, promovendo debates, difusão de informações e conhecimentos, foi toda realizada com recursos de seus idealizadores e o apoio de algumas instituições parceiras, que acreditaram na proposta. A exposição inicialmente foi concebida para contar com 36 fotos, porém, seus curadores consideraram impossível jogar com a questão do tempo e das viagens fazendo uso de um número tão reduzido de imagens para mostrar locais tão monumentais.
Neste sentido, entendendo que o mínimo necessário para esta empreitada seriam 76 fotos, apostaram numa espécie de “crowdfunding ao inverso”, ou seja, arcaram com o orçamento extrapolado e convidam todos os que se apaixonarem pelo projeto a colaborar e assim darem prosseguimento aos próximos passos dessa jornada não tão utópica. Todos os quadros da mostra, farão parte de um leilão virtual, com lances iniciais abaixo dos preços de custo de produção. Assim no dia do encerramento, os apoiadores poderão levar para casa um fragmento também.
Existem muitas outras formas de prestigiar e apoiar o projeto, que em breve será transformado num livro e em um documentário. Uma delas é conferir de perto a experiência de unir a Capital Federal e a Andaluzia, propondo reflexões sobre sua história, sua monumentalidade e sobre possíveis intersecções.

Serviço
Visitação: até 10 de junho
Local: Museu Nacional dos Correios em Brasília – 3ª andar
Setor Comercial Sul Q. 4 Bloco A Edifício Apollo – Asa Sul, Brasília – DF, 70304-915
Horários: O Museu recebe visitantes de terça a sexta, das 10h às 19h, Sábado, domingos e feriados das 14h às 18h.
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