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O artista Elyeser Szturm apresenta ao público um recorte inédito de sua pesquisa mais recente, as monotipias em silicone e esculturas em pedra-sabão, resultado de anos de investigação poética e de uso de novas técnicas. A exposição “Céus e Nós” questiona os limites da pintura e da escultura. “O artista deve estar atento à técnica, mas esta deve estar submetida aos ditames da linguagem, da expressão poética”, afirma. Formada por mais de 20 peças, entre obras pictóricas e tridimensionais, a exposição lança ao público a pergunta: é possível ser lírico ainda hoje?
A série Céus apresenta monotipias em silicone criadas a partir de 2013 que exploram o lirismo da cor azul e foram inspiradas nos tetos estrelados das capelas italianas góticas e pré-renascentistas, como as pintadas por Giotto na capela Scrovegni, por exemplo. São películas de silicone produzidas por um método criado por Elyeser a partir de suas investigações pictóricas. O artista prepara uma parede, com reboco feito de cal e pigmentos azuis. Depois de talhar o reboco e fazer as incisões que remetem a estrelas e nuvens, ele aplica uma camada de silicone que ao ser retirada traz impressas as texturas, relevos e cores da superfície parietal.
“Desde 1997 venho realizando trabalhos que giram em torno destas interrogações. Essas películas de silicone são espalhadas sobre superfícies porosas o suficiente para que se possa arrancá-las”, conta o artista. “Um dia, passei silicone em cima de um cupinzeiro para preparar um molde. Quando retirei, vi que saiu uma pele, a textura do cupinzeiro inteiro e achei interessante”. A partir de então, Elyeser passou a produzir suas peles de silicone aplicando o material em muros de casas antigas, de cidades como Goiás Velho e Pirenópolis.

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Na produção das obras da série ‘Céus’, o artista passou a ter mais controle sobre o resultado do processo, preparando ele mesmo o reboco da parede e utilizando procedimentos da técnica de afresco. O resultado traz ao público esse diálogo que “remete a uma tradição muito forte na História da Pintura, que é o estudo de céus e nuvens” explica Elyeser, citando artistas como Giotto, J.M.W. Turner, John Constable, Courbet e os impressionistas, entre outros.
Já a série ‘Nós’ aponta para um outro caminho na carreira de Elyeser, a escultura. “Já havia produzido objetos tridimensionais, mas é a primeira vez que apresento obras talhadas”, explica. O material escolhido, pedra-sabão, remete também à religiosidade, e tem como referência a arte colonial brasileira, o barroco mineiro e a obra de Aleijadinho.

Serviço:
Exposição “Céus e Nós”, de Elyeser Szturm
Local: CCBB-SCES Trecho 2 Lote 22
De 15/11 a 8/01/17
Visitação: de quarta a segunda-feira, das 9h às 21h
Entrada franca
Informações: 61 3108-7600.
Classificação livre.

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