A construção de uma sociedade se dá com a interação entre os indivíduos e destes com as instituições e o meio em que vivem. O pensamento livre é primordial para que se alimente o impulso em descobrir e desvelar obscuridades. A informação nos leva a buscar respostas para as angústias do presente, mirando o futuro.

Mas nada é tão importante quanto o reconhecimento de si mesmo, como cidadão e como nação. Pelo terceiro ano, um projeto se propõe a oferecer um mosaico de lentes para compreender estes tempos complexos que estamos vivendo. E, assim, podermos escolher caminhos dentre um feixe de possibilidades.

 

São os ‘DIÁLOGOS CONTEMPORÂNEOS’, que realiza sua terceira edição de 26 de março a 14 de maio, sempre às terças-feiras, a partir das 19h, no Teatro dos Bancários.

Sob a direção geral de Nilson Rodrigues, os DIÁLOGOS CONTEMPORÂNEOS desejam promover conversas para entender, por meio da produção literária brasileira, em seus diversos gêneros e narrativas, os caminhos e descaminhos do país. E, claro, construir saídas.

Ao longo de dois meses, será possível conhecer o pensamento de grandes nomes a respeito de temas tão diversos quanto política, amor, fake news, a herança africana, humor, história do Brasil e a literatura que vem sendo produzida nas periferias do País. Um grande painel que irá propor reflexões para o espectador formar suas opiniões a respeito desta intrincada realidade dos dias atuais.

“Nesta terceira edição do projeto DIÁLOGOS CONTEMPORÂNEOS nossas propostas de debates conduzem a reflexões que vão desde a construção histórica das relações afetivas no país a processos de difusão de notícias e informações na internet. Consideramos importante debater esses temas nesse momento, visto que valores como a solidariedade e a empatia têm tido pouco espaço em algumas camadas da sociedade, onde viceja o ódio, o preconceito e a pregação da violência. Grande parte dessa construção se dá nas redes sociais, especialmente por meio das conhecidas fake news que fundamentam e formam a base do atual caldo cultural”, explica Nilson Rodrigues, Diretor Geral do projeto.

A cada semana, um convidado diferente discorrerá sobre um aspecto do pensamento contemporâneo. A entrada para as palestras é franca e o Teatro dos Bancários (localizado na entrequadra 314/315 sul) tem capacidade para acolher até 470 espectadores. As palestras começarão sempre às 19h e as senhas serão distribuídas meia hora antes, às 18h30. O ingresso no teatro estará sujeito à lotação do local.

DIÁLOGOS

Para fazer esse passeio por este Brasil que, citando o escritor moçambicano Mia Couto, é feito de “contrastes, ambivalências e desigualdades”, Nilson Rodrigues concebeu uma programação que contempla a diversidade.

Os diálogos começam nesta terça-feira, dia 26 de março, com a participação do jornalista e escritor Fernando Morais, celebrado autor de livros de sucesso como Olga (biografia de Olga Benário), Chatô, o Rei do Brasil (biografia de Assis Chateaubriand) e Corações sujos (que reconstrói uma página sangrenta da imigração japonesa). Com 11 livros publicados e 50 anos de carreira, Fernando Morais vai discorrer sobre “Literatura Brasileira e Crises Políticas”.

Na semana seguinte, o programa apresentará o jornalista e escritor Mário Magalhães – autor de Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo, que recebeu cerca de 20 prêmios e serviu de base para o filme dirigido por Wagner Moura – discorrendo sobre “Biografias Brasileiras”. Ex-ombudsman da Folha de São Paulo, Mário Magalhães atualmente trabalha na biografia do controverso político Carlos Lacerda.

O terceiro encontro da série em 2019 trará a premiada escritora e historiadora Mary del Priore, falando sobre “O Amor e Afetividade na História do Brasil”. Mary del Priore é autora de 48 livros sobre história e dedicou um deles especialmente a tratar do amor na história brasileira. Em sua conversa, a autora promete tratar de eventos históricos que engendraram práticas amorosas presentes até hoje no cotidiano do País.

O escritor Paulo Lins, autor do best-seller Cidade de Deus, transformado em filme e série de televisão, é o convidado do quarto encontro. Paulo Lins discorrerá sobre “As Grandes Metrópoles na Literatura Brasileira”. A intimidade com o tema está presente em toda a obra de Lins, que inclui ainda o romance Desde que o samba é samba, percorrendo os espaços de formação da cultura negra carioca, e parcerias com diretores como Lúcia Murat (com quem assinou o roteiro de Quase dois irmãos, sobre o nascimento das organizações criminosas do Rio de Janeiro) e Luiz Fernando Carvalho (ambos escreveram o seriado Subúrbia, ambientado nos anos 1990, quando ocorreu a Chacina da Candelária).

A quinta convidada da série é a atriz, dramaturga e diretora Grace Passô, um nome de grande prestígio dos palcos no Brasil, que tem feito carreira exitosa também no cinema. Grace Passô vai conversar com a plateia sobre “Raízes do Brasil – Herança africana, tradições e novas expressões: uma perspectiva da produção artística negra no Brasil atual”. Embora permaneça desconhecida por parte do grande público, Grace é apontada pela crítica especializada como “a melhor atriz do Brasil”, tendo conquistado diferentes prêmios no teatro e no cinema, não só no País como também no exterior.

“Internet e Tecnologia: informação e desinformação na era digital” é tema do sexto encontro de DIÁLOGOS CONTEMPORÂNEOS. O assunto será abordado pelo doutor em filosofia e professor da USP, Pablo Ortellado, que mantém uma coluna na Folha de São Paulo.

Autor de livros como Estamos vencendo: resistência global no Brasil, Pablo Ortellado fundou, em 2016, o Monitor do Debate Político no Meio Digital, uma ferramenta que acompanha a postagem e o compartilhamento de conteúdos em páginas diversas para ilustrar a forma como os grupos políticos interagem nas redes sociais. O recurso das fake news promete ser um dos assuntos da conversa.

A penúltima palestra dessa edição 2019 trará o poeta, escritor e agitador cultural Sérgio Vaz, fundador da Cooperativa Cultural da Periferia (Cooperifa) e apontado em 2009 como um dos 100 brasileiros mais influentes pela revista Época. Sérgio Vaz vai discorrer sobre “A literatura que vem da periferia”. Sérgio Vaz é conhecido como “o poeta da periferia”.

E a programação dos DIÁLOGOS CONTEMPORÂNEOS 2019 se encerra com a participação do escritor, jornalista e tradutor Eduardo Bueno, autor que conseguiu a façanha de transformar livros de história do Brasil em best-sellers. São dele títulos como A viagem do descobrimento, Náufragos, traficantes e degredados e Capitães do Brasil, lançados no final da década de 1990, com uma escrita que atraía os leigos.

Peninha, como é conhecido, mantém o canal Buenas Ideias, no YouTube, onde apresenta a série Não vai cair no ENEM, estimulando estudantes a conhecerem fatos da história do Brasil. Eduardo Bueno vai falar sobre “A crônica e o humor na sociedade brasileira”.

Serviço:
Diálogos Contemporâneos
De 26 de março a 14 de maio, sempre às terças-feiras, às 19h
Local: Teatro dos Bancários (EQS 314/315)
Entrada Franca-distribuição de senhas meia hora antes do início da palestra
Classificação 14 anos.