O ganhador da Palma de Ouro de ‘Melhor Roteiro’ este ano é uma belíssima história de amor entre duas jovens no século 18.
‘O Retrato de Uma Jovem em Chamas’, dirigido por Céline Sciamma é passado em 1760 na França.

As personagens principais são Helòise (Adèle Haenel) e Marianne (Nöemie Merlant), uma jovem prometida a se casar e uma pintora que foi contratada para criar o seu retrato.

A relação delas se baseia em passeios e a contemplação dos dias. Helòise anseia por liberdade e questiona a sua existência. A jovem acaba de sair de um convento e a ideia de casamento a amedronta. Ela nada sabe sobre o amor. Marianne a observa todos os dias, as mãos, o olhar, os lábios, o contorno da face entristecida.

A fotografia focada em detalhes proporciona cenas românticas de ternura entre as duas, mas também da sexualidade que aflora, o erotismo.

Marianne se encanta na medida em que os dias passam e cresce dentro dela um desejo imenso. Helòise, mais discreta, nutre sua paixão em silêncio e seu olhar anseia pela intimidade e o toque de Marianne. Dias e noites se passam e as duas se entregam ao amor. Uma em sua descoberta como amante e em sua primeira vez e a outra admirando a musa enaltecida.

A saliva entre os lábios e a respiração ofegante das personagens, a sensualidade dos corpos e seu enlace. A iminência da finalização da pintura as desespera. Como viver esse amor proibido?

Como em Eurídice e Orfeu, Marianne é Orfeu e anseia salvar Héloïse do inferno e guarda consigo o olhar da amada. Em um último momento desvela-se em um quadro a história jamais esquecida. O detalhe do livro em seu colo, a memória do amor que vive com ela.